São Paulo – Importadores árabes estão na Francal, feira de moda em calçados e acessórios, em busca de parcerias e fornecimento de empresas brasileiras. A mostra começou neste domingo (02) no Expo Center Norte, na capital paulista, e segue até a próxima quinta-feira (05). Entre as empresas árabes visitantes na mostra estão a Elixir United, da Arábia Saudita, a Hazar Shoes, do Kuwait, e a Oxygen, também kuaitiana.
Essa foi a primeira vez que a Elixir enviou representantes ao Brasil. A companhia saudita tem uma rede de lojas de calçados e bolsas chamada Bonia, com 12 unidades, outra de roupas femininas para muçulmanas, a Al-Motahajiba, com cinco unidades, e pretende abrir uma nova rede de lojas de calçados femininos, a Dots.
O gerente da cadeia de suprimentos da Elixir, Mohammed Shahzad Khan, está no Brasil com o seu colega, o comprador Gamal Abdel Mageed, para encontrar um fornecedor brasileiro para a nova marca, a Dots.
De acordo com Khan, os calçados brasileiros têm bom preço, boa qualidade e variedade. A empresa saudita pretende colocar a sua marca nos calçados que busca no Brasil e quer encontrar entre cinco e seis fornecedores no País. Os planos são abrir a Dots em setembro ou logo depois disso. Outra rede de lojas de calçados da Elixir, a Bonia, tem fornecedores da Malásia.
A rede de lojas de calçados femininos do Kuwait Hazar Shoes também tem dois profissionais presentes na Francal, o gerente geral Nawaf Alfarraj e o gerente de marketing Adam Bairouti. A rede possui dez lojas que comercializam calçados importados da Turquia, Itália, China, entre outros países. O objetivo da vinda ao Brasil é abrir uma franquia de uma marca brasileira de calçados. Por enquanto Alfarraj não encontrou a parceria certa.
Essa é a primeira vez que a Hazar envia representantes ao País. O gerente explica que busca calçados de bom custo, qualidade e bom tempo de entrega. Ele quer encontrar em um mesmo sapato as características de conforto e design. A Hazar Shoes vende calçados de médio a alto padrão, tanto de couro como sintéticos.
Visita frequente
A Oxygen, também do Kuwait, enviou o seu gerente geral, Omar Daifallah, para a Francal. A empresa movimenta US$ 7 milhões por ano e comercializa calçados femininos, masculinos e infantis por meio das lojas Oxygen, Good Feet e Mr. Walk. São cinco unidades no Kuwait e 22 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A empresa kuaitiana tem uma relação de cerca de 12 anos com o mercado brasileiro e importa marcas como Democrata, Piccadilly, Klin e Azaleia, além de calçados da China, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Espanha e Turquia. Daifallah é um visitante frequente nas feiras de calçados brasileiras. De acordo com ele, os sapatos do Brasil são bons, mas às vezes é preciso negociar os preços. No ano passado, a Oxygen importou 50 mil pares de calçados do Brasil.
A Francal recebeu ainda outros importadores árabes, convidados pela organização da mostra e também pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, parceira da feira. A Câmara Árabe mantém equipe na mostra para auxiliar os importadores árabes presentes. A Francal tem trabalhado para atrair número cada vez maior de compradores internacionais. Cerca de dez dias antes da feira já estava confirmada a participação de importadores de 17 países.
O Brasil responde por 4,6% da produção mundial de calçados e é um fornecedor internacional importante. De janeiro a maio deste ano, a indústria brasileira exportou 49,1 milhões de pares de calçados, com crescimento de 1,1% sobre o mesmo período de 2016. A receita das vendas subiu 20% para US$ 441 milhões na mesma comparação, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Em coletiva de imprensa na Francal, o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, citou alguns entraves para uma maior participação no mercado externo, como a carga tributária alta, os encargos trabalhistas, a taxa de juros elevada e os problemas de infraestrutura. “Oneram muito nosso produto, mas mesmo assim conseguimos presença em mais de 150 países.”
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) mostram que a exportação brasileira de calçados para os países árabes caiu 34% de janeiro a maio, para US$ 16,5 milhões. “Estamos aprendendo como entrar no mercado árabe”, comentou Klein. Mas ele ressaltou que o setor seguirá insistindo no mercado e lembrou que há empresas de calçados com presença na região. “São passos cautelosos. Para investimentos fortes ainda é cedo”, afirmou.