São Paulo – Os professores brasileiros Débora Garofalo e Jayse Ferreira estão concorrendo ao Global Teacher Prize 2019. A premiação ao vencedor será de US$ 1 milhão e, segundo a Fundação Varkey, organizadora, é o maior prêmio do gênero para educação. Foram mais de 30 mil inscrições e 50 finalistas foram selecionados. A iniciativa é do primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed Bin Rashid Al Maktoum (na foto, entregando o prêmio de 2017 para Andria Zafirakou, do Reino Unido). A entrega do prêmio será realizada em 24 de março, em Dubai, nos Emirados, segundo informou a Agência Brasil nesta quarta-feira (09).
O prêmio foi criado para destacar a importância dos educadores e o fato de que, em todo o mundo, seus esforços merecem ser reconhecidos e celebrados. Ele busca reconhecer os impactos dos melhores professores – não apenas em seus alunos, mas nas comunidades ao redor.
No site da fundação é possível encontrar o perfil dos finalistas. Lá, é contada a história de Débora Garofalo, que superou uma infância de desafios, pobreza e preconceito para se tornar professora. Quando chegou à escola onde dá aulas, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Almirante Ary Palmeiras, na periferia de São Paulo, Garofalo percebeu que os estudantes não estavam recebendo uma educação em tecnologia que os capacitasse para o mercado moderno de trabalho. A escola não tinha recursos suficientes, e as crianças estavam sofrendo com o impacto do ambiente local, afetado pela violência, condições insalubres e pela pobreza.
Garofalo passou a dar treinamento para outros professores. Com base no mapeamento que os alunos fizeram sobre os problemas do bairro, como pobreza e violência, a profissional desenvolveu projetos de tecnologia. Com aulas abertas sobre gestão de resíduos para a comunidade local, Débora Garofalo usa a cultura “criadora” para incentivar os alunos a transformar esse desperdício em protótipos de coisas que imaginaram, projetaram e construíram.
Foram mais de 2 mil alunos que se envolveram no programa reaproveitando cerca de 700 kg de lixo. Segundo a Agência Brasil, os resultados das provas mostram que os alunos que participam dos projetos elevaram suas notas, em média, de 4,2 para 5,2, e pelo menos 28 alunos permaneceram na escola quando estavam em risco de abandono.
Vindo de Itambém, em Pernambuco, o também finalista Jayse Ferreira desenvolveu um trabalho ligado à arte, na Escola de Referência de Ensino Médio Frei Orlando. Com cinema e vídeos feitos por eles próprios, os alunos puderam relatar sua própria realidade, de um cotidiano de violência e pobreza, assim como de discriminação.
Empresas locais passaram a apoiar a iniciativa do professor e o resultado foi um vídeo produzido do início ao fim pelos estudantes, visualizado mais de 20 mil vezes no YouTube em menos de uma semana. Os alunos realizaram um segundo vídeo, com a temática dos riscos do consumo de álcool por motoristas. Com o trabalho, o professor já pode colher resultados como o aumento do número de inscrições em universidades, redução da evasão e reconhecimento local e nacional do projeto.
Outros educadores brasileiros estiveram entre os finalistas em edições anteriores do concurso. Confira clicando aqui, aqui e aqui.