São Paulo – As exportações de máquinas e equipamentos caíram em fevereiro e registram queda nos dois primeiros meses deste ano, de acordo com os dados do setor divulgados nesta quarta-feira (27) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) em uma entrevista coletiva. A receita do setor, considerando-se consumo interno, importações e exportações, somou R$ 19,2 bilhões em fevereiro, em alta de 16,7% sobre janeiro, porém em queda de 14% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, a indústria de máquinas e equipamentos soma faturamento de R$ 35,7 bilhões, em retração de 17,5% sobre igual período de 2023. Na foto acima, produção de peça para semi-reboque de caminhão.
De acordo com o analista de Economia e Estatística da Abimaq, Leonardo Silva, o crescimento de receita do setor tende a crescer após o Carnaval, mas é preciso aguardar o desempenho de março para que se tenha uma projeção melhor para o restante do ano. Ele citou ainda que a taxa básica de juros, a Selic, apesar de estar em queda, ainda está em níveis elevados, o que impacta diretamente os investimentos e o setor.
Em relação ao comércio exterior, em fevereiro foram exportados US$ 829,4 milhões, uma queda de 21,4% em relação a janeiro e de 23,2% sobre fevereiro do ano passado. No ano, as vendas ao exterior acumulam US$ 1,8 bilhão e estão 9,2% menores do que no mesmo período de 2023. Alguns dos países que afetaram o desempenho foram nações vizinhas da América do Sul, principalmente Argentina e Bolívia.
Nas importações, foram comprados pelo Brasil US$ 2,1 bilhões em fevereiro, em alta de 12,4% na comparação com igual mês de 2023 e queda de 7,2% sobre janeiro deste ano. Continua a crescer o papel da China como principal fornecedora do setor, responsável por 30,9% das máquinas importadas pelo Brasil. Em 2007, a China respondia por 6,9%, segundo os dados da Abimaq. Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Coreia do Sul completam a lista dos principais exportadores de máquinas ao mercado nacional.
Preços menores e seca em algumas safras brasileiras afetaram o desempenho dessa indústria, na avaliação do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão Bastos. Bastos avaliou que o setor está estruturalmente bem, mas conjunturalmente enfrenta desafios como a seca e preços mais baixos de comodities. O segmento contempla também as máquinas agrícolas. Entre elas, há queda nas exportações e nas importações, em um faturamento que somou R$ 4,2 bilhões em fevereiro em expansão de 30,8% sobre janeiro, mas em queda de 28,2% na comparação com fevereiro do ano passado.
Ainda de acordo com a Abimaq, os países árabes registraram em 2023 aumento de compra de máquinas brasileiras sobre 2022, mas é preciso realizar um estudo mais detalhado para avaliar o desempenho deles em 2024. De acordo com a diretora-executiva de Mercado Externo da Abimaq, Patrícia Gomes, no ano passado, até outubro, os principais importadores do setor no Oriente Médio e no Norte da África foram, pela ordem, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Catar e Egito.
Ela comentou também, na divulgação de dados de fevereiro, que o setor enfrenta operação padrão de funcionários de órgãos federais que atuam diretamente com comércio exterior, o que afeta o fluxo de exportações e importações. É preciso, disse Gomes, avaliar nos próximos meses o desempenho do comércio internacional das máquinas e equipamentos.