Alexandre Rocha
São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex) vão realizar, nos primeiros meses de 2007, uma missão empresarial ao Norte da África, que incluirá o Marrocos e pelo menos dois outros países. A informação foi divulgada ontem (19) durante reunião entre a embaixadora do país árabe em Brasília, Farida Faïdi, e a diretoria da Câmara. Farida fez esta semana sua primeira visita oficial a São Paulo desde que assumiu a embaixada no final de fevereiro.
"É importante a ida ao Marrocos de uma grande delegação de empresários brasileiros", disse ela. A idéia é levar representantes de setores que estão em desenvolvimento no país árabe, como os de infra-estrutura, construção civil, agroindústria, de transformação de produtos pesqueiros e minerais, automobilístico, aeronáutico, de eletrônicos, têxtil e de couros e de serviços.
Além de exportadores e companhias interessadas em parcerias, a missão deverá contar com importadores. "Além de ampliar o comércio bilateral, a embaixadora falou também da necessidade de se reduzir o déficit existente para o lado marroquino e pediu a ajuda da Câmara para encontrar potenciais importadores, além de fortalecer o turismo", disse o presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis Jr.
Entre os setores mais citados por Farida está o de artesanato. "Ela acha que o consumo de artesanato marroquino no Brasil pode ser massificado", disse Sarkis. "A idéia é levar empresas exportadoras e tradings, que também possam comprar, principalmente artesanatos, fosfatos e sardinhas", acrescentou o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby.
Além da Sarkis e Alaby, participaram da reunião na Câmara Árabe o vice-presidente de relações internacionais da entidade, Helmi Nasr, o vice-presidente de marketing, Rubens Hannun, e os diretores Mustapha Abdouni e Walter Nori.
O Marrocos já é um dos principais parceiros comerciais do Brasil no mundo árabe. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do governo federal (Secex), as exportações brasileiras renderam US$ 282,3 milhões entre janeiro e agosto deste ano, já as importações somaram US$ 206,4 milhões.
Os principais produtos embarcados pelo Brasil são açúcar, vergalhões de ferro e aço, soja em grãos, óleo de soja e veículos. Já as principais mercadorias vendidas pelo Marrocos são fertilizantes, naftas para a indústria petroquímica, sardinhas e componentes eletrônicos.
Ajuda da indústria
Para organizar a missão, a Câmara Árabe e a embaixada do Marrocos vão contar com a ajuda do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Ontem à tarde, Farida se encontrou com o presidente do Ciesp, Cláudio Vaz. "Junto com a Câmara nós vamos organizar a participação de empresas ligadas a setores como os de pesca, alimentação, componentes para veículos, fornecedores de serviços de construção", disse Vaz à ANBA.
Ele acredita na possibilidade de formação de negócios conjuntos, com capital brasileiro e marroquino. "Precisamos identificar os setores nos quais o capital marroquino é relevante, que não sejam dominados por multinacionais, e fazer uma ponte com o capital brasileiro", disse. Já existe o exemplo da Randon, fabricante gaúcha de implementos rodoviários, que tem no país árabe uma linha de montagem em parceria com uma companhia local.
O Reino do Marrocos está localizado no Norte da África, separado da Espanha pelo Estreito de Gibraltar. Segundo informações da Câmara Árabe, as principais indústrias são a extrativa mineral, alimentícia, com forte participação da pesca, e têxtil. O Produto Interno Bruto (PIB) chegou a US$ 55,2 bilhões no ano passado. O país tem 31,5 milhões de habitantes.