São Paulo – A primeira colheita de algodão do Grupo Pinesso em terras sudanesas já começou. A área experimental de 400 hectares foi plantada no mês de junho, conforme a ANBA noticiou na época, com 10 variedades diferentes de sementes, sendo duas variedades sudanesas e oito brasileiras.
A variedade que melhor se adpatou ao solo e clima do país árabe é brasileira e a produtividade do algodão cultivado no Sudão deve ficar acima das expectativas iniciais. O algodão deve render 1,2 mil quilos de plumas por hectare, bem acima dos 300 quilos por hectare atingidos por produtores locais de algodão.
O sucesso foi tão grande que a área plantada será ampliada para 20 mil hectares em 2011.
“Foi um sucesso total. O país não tinha um projeto piloto com tanto êxito há anos”, disse o coordenador do Projeto, Paulo Hegg. Ele está no Sudão acompanhando a colheita que deve ser concluída nas próximas semanas. “Ficamos muito bem impressionados. A produtividade é muito boa para um projeto piloto e a qualidade da fibra também. É bastante similar à produção brasileira”, afirmou.
De acordo com Hegg, o resultado foi entre quatro a cinco vezes maior do que a produtividade média da região em áreas sem irrigação. “Agora o governo quer que a gente faça projetos similares em áreas irrigadas”, destacou. A tecnologia, o manejo e a administração da área também foram feitas por técnicos do Grupo Pinesso que estão morando no Sudão.
A comercialização do algodão será por conta do parceiro local. No ano que vem os brasileiros assumem essa parte também. Segundo Hegg, já existem compradores interessados do Paquistão, Bangladesh e China.
Além disso, o custo de produção do algodão por hectare no Sudão é praticamente metade do brasileiro. Os sudaneses plantam com US$ 850 por hectare, enquanto no Brasil são cerca de US$ 1,9 mil.
O grupo também plantou 100 hectares de soja, que rendeu entre 1,8 a 2 mil quilos por hectare e a ampliação para uma área de 5 mil hectares na próxima safra. “Percebemos que o plantio de soja também é viável. Testamos seis variedades e escolhemos a que apresentou maiores índices de produtividade”, contou Hegg.
Acordo e parceria
Em março, Brasil e o Sudão fecharam um acordo agrícola que pode aumentar em até três vezes o atual volume de produção de algodão do país árabe, que é de 80 mil toneladas ao ano. O acordo foi realizado entre a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e o ministro da Agricultura do Sudão, Elzubeir Bashir Taha, durante visita de uma comitiva de produtores do estado brasileiro ao país árabe.
O cultivo do grupo Pinesso no Sudão é realizado em parceria com a empresa sudanesa Agadi, com sede na cidade de mesmo nome. Agadi está localizada no sul do país, a 400 quilômetros da capital Cartum. Para implementar os dois cultivos, foram investidos US$ 1 milhão, sobretudo na aquisição de máquinas e implementos agrícolas.
Os investimentos para a próxima safra são estimados em US$ 37 milhões. Desse total, US$ 17 milhões serão para custear o plantio das lavouras e o restante para investimento em máquinas agrícolas e de beneficiamento.
Na parceria, os investimentos ficam a cargo da Agadi. O Grupo Pinesso entra com as técnicas de plantio e novas tecnologias. O governo do país africano participa com isenção de impostos sobre aquisição de máquinas e equipamentos e financiamento a juros de 3% ao ano.