São Paulo – As relações entre a Palestina e os países latino-americanos serão o tema da conferência Palestina & América Latina no século 21: construindo solidariedade pelos direitos nacionais. O evento ocorre no dia 22 de agosto, em Londres, na Inglaterra. A participação é gratuita e as inscrições estão abertas.
A conferência é organizada pelo Middle East Monitor (Memo), instituto criado para promover a correta compreensão da questão palestina por meio da mídia. “A conferência Palestina – América Latina tem por objetivo promover um entendimento das relações passadas e presentes entre a América Latina e a Palestina, e olhar como este relacionamento se desenvolverá e que efeito isso terá na questão palestina”, explica Yasmina Allouche, responsável por Relações com a Imprensa e Eventos do Memo.
Segundo ela, a conferência pretende também “promover uma maior colaboração entre a América Latina, a Europa e a Palestina na sociedade civil, política e mídia, melhorando o entendimento das transformações do século 21 ocorridas na atual luta da América Latina e da Palestina contra o neoimperialismo”.
Entre os palestrantes da conferência estarão os brasileiros Arlene Clemesha, professora de História e Cultura Árabe da Universidade de São Paulo (USP); Carlos Latuff, cartunista e ativista da causa palestina; e Pedro Charbel, coordenador da campanha por Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS) a Israel no Brasil. O evento terá ainda palestrantes do Equador, Cuba, Argentina, Reino Unido, Líbano e outros países.
“Nessa conjuntura crítica para a luta do povo palestino por autodeterminação, a importância do relacionamento da América Latina com a Palestina é ainda mais importante. O ataque a Gaza no verão de 2014 trouxe uma onda de solidariedade com a Palestina nos países da América Latina, com alguns chegando ao ponto de expulsar diplomatas israelenses e chamar de volta seus embaixadores em Israel”, aponta Allouche, sobre a ligação entre a Palestina e os países latino-americanos.
“Enquanto a comunidade internacional caminha para um mundo cada vez mais multipolar, e com o avanço dos países do Sul na esfera internacional, estes poderes que vêm há muito tempo dominando a diplomacia Israel-Palestina estão se tornando redundantes. A importância do avanço dos países do Sul tem sido particularmente exemplificada por seu envolvimento e apoio à Palestina na Organização das Nações Unidas”, destaca ela.
A conferência será dividida em três painéis de discussão: envolvimento da América Latina na questão palestina; perspectivas regionais; e opinião pública, movimentos sociais e o papel da mídia da América Latina em relação à formação da imagem do conflito Palestina-Israel.
Brasil
Segundo Allouche, na última década o Brasil emergiu como um ator importante no cenário de poder global, por iniciativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O foco do trabalho tem sido nas relações com seus vizinhos da América Latina, assim como o desejo do Brasil em se engajar em questões políticas, além de desenvolver laços no Oriente Médio, exemplificado pela vontade de exercer um papel relevante no processo de paz entre Israel e Palestina”, diz.
Para ela, o ex-presidente aumentou significativamente a visibilidade do Brasil no conflito Israel-Palestina, apresentando o País como mediador da questão. “Ele promoveu uma série de visitas ministeriais entre líderes palestinos e israelenses durante seus oito anos de mandato e se tornou o primeiro presidente brasileiro a visitar Israel e os territórios palestinos. Sua sucessora, Dilma Rousseff, continuou no mesmo caminho do desenvolvimento das relações do Brasil com a questão Israel- Palestina, mostrando que o País é um importante parceiro no processo de paz da região”, ressalta Allouche.
A representante do Memo aponta ainda que, além do apoio governamental, os países da América Latina também demonstram solidariedade ao povo palestino por meio da sociedade civil. “Nos países onde há uma forte presença palestina, como na Venezuela e no Chile, as ferramentas de mídia social, novas mídias e o lobby palestino trouxe uma grande conscientização social sobre a questão palestina, também ajudada pelas ações governamentais contra as guerras de Israel em Gaza nos últimos anos”, afirma.
Segundo Allouche, mesmo num cenário político ainda dominado pelos Estados Unidos e alguns países da Europa, o apoio latino-americano à causa palestina tem um importante peso no conflito.
“Com muitos países europeus decidindo finalmente reconhecer a Palestina como Estado, pode-se dizer que eles estão tentando se equiparar [aos países latino-americanos]. Muitos países da América Latina deram exemplo no ano passado em sua resposta às ações de Israel na Faixa de Gaza. Argentina, Brasil, Peru, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Honduras, Paraguai, Uruguai e Venezuela, todos reconheceram a Palestina como Estado. Os países do eixo Sul estão tendo uma influência crescente na política mundial, especialmente na ONU e em seu Conselho de Segurança. A presença da diáspora palestina na América Latina sem dúvida ajudou esse relacionamento na definição de um paradigma para a cooperação entre os povos de ambas as regiões”, completa.
Serviço
Palestina & América Latina no século 21: Construindo solidariedade pelos direitos nacionais
Dia 22 de agosto, das 9h30 às 18h, em Londres, Inglaterra
Entrada gratuita (150 vagas)
A inscrição pode ser feita pelo link http://migre.me/qCFf9 até uma semana antes do evento.