São Paulo – A operadora de portos DP World, com sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, está considerando investir em novas concessões de portos latino-americanos no próximo ano, de acordo com informações divulgadas pelo diretor de operações da empresa, Mahmood Al Bastaki, durante o Global Business Forum (GBF) para a América Latina, conferência promovida esta semana pela Câmara de Comércio e Indústria de Dubai na Cidade do Panamá. As informações são do site da revista Arabian Business.
Estão sendo avaliadas de cinco a sete concessões na região. Não foi mencionado se as concessões são em países onde a DP World já está presente na região (Peru, República Dominicana, Argentina, Brasil e Chile) ou em novos mercados.
Al Bastaki afirmou que a operadora dos Emirados tem um grande interesse na região. “Há muitos portos que requerem equipamentos avançados e know-how”, disse o diretor, segundo a Arabian Business. A última aquisição da DP World na América Latina foi no Chile, em janeiro. A empresa adquiriu 71,3% da operadora portuária Pulogsa.
“O porto é um investimento de longo prazo. Onde quer que nós vamos, fazemos capacitação profissional, geramos empregos para a economia local, e talentos locais têm oportunidade de trabalhar em um negócio estratégico”, afirmou, de acordo com o site.
Para o diretor, a América Latina é uma região particularmente atraente para a DP World devido à sua relativa estabilidade em comparação com outras regiões do mundo. “A América Latina vem apresentando um cenário positivo. Ultimamente, a Venezuela vem tendo alguns problemas, mas fora isso, todo o continente está em condições seguras”, afirmou.
De acordo com informações do site do jornal Gulf News, de Dubai, o diretor disse ainda que a situação geopolítica vem afetando o comércio global, e citou como exemplos de países com problemas a Venezuela, o Sudão e a Argélia. O presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, renunciou recentemente em meio a protestos populares e, nesta quinta-feira (11), o exército sudanês depôs o presidente Omar Al Bashir, que estava há 30 anos no poder, também em meio a protestos.
“Esses fatores têm um efeito negativo nos centros comerciais, nas cadeias de suprimento e no movimento de mercadorias. Quando há conflitos, [os países] não vão consumir nem gastar, e isso vai afetar o comércio mundial. Mesmo em nossos negócios como operadores de terminais, não teremos muita carga porque não há demanda; a estabilidade política, portanto, desempenha um grande papel”, enfatizou.
Al Bastaki disse que espera ver um grande crescimento no comércio latino-americano, e mencionou as operações no Brasil. “O Brasil sempre foi o principal player da DP World na região, devido ao seu tamanho e volume de produção. Recentemente houve uma certa desaceleração, mas isso deve se reverter.” A empresa administra o terminal DP World Santos (foto), antigo Embraport, no litoral paulista.
Em 2018, a DP World investiu US$ 3 bilhões na diversificação de seu portfólio global de negócios. Entre os investimentos do ano passado está a aquisição de 100% da empresa de logística peruana Cosmos Agency Maritima SAC, por US$ 315 milhões, dando à DP World participação de 50% no porto peruano de Paita, o segundo maior terminal de contêineres do país.