São Paulo – A Dubai Ports World, dos Emirados Árabes Unidos, será a operadora do maior terminal multimodal privado do Brasil, a ser construído no Porto de Santos, litoral de São Paulo. A empresa anunciou no domingo (30) a aquisição, junto com a Odebrecht, de participação majoritária na Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), responsável pelo projeto, que até agora era controlada pelo Grupo Coimex, que inclui a trading de mesmo nome.
“Queremos que seja não só o maior, mas o melhor e mais competitivo terminal do país”, disse ontem à ANBA o vice-presidente da Coimex, Orlando Machado Júnior. Com o acordo, a DP World e a Odebrecht passam a ter 51,4% do negócio, a Coimex fica com 15,3% e o restante permanece com o Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), da Caixa Econômica Federal, que adquiriu a participação em outubro do ano passado.
De acordo com Machado, o projeto, idealizado em 1998, obteve todos os licenciamentos necessários, o que levou oito anos, mas as obras ainda não foram iniciadas. A Embraport aguarda a liberação de financiamentos pedidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Ele espera que isso ocorra até o final do ano para que a construção comece, no mais tardar, no início de 2010. “O primeiro quadrimestre deste ano foi muito ruim, os financiamentos estavam difíceis e algumas instituições financeiras deixaram de existir”, declarou o executivo, referindo-se à crise financeira internacional. “Agora a situação vem mudando, o mercado está melhorando e a instituições financeiras voltando [a oferecer crédito]”, acrescentou.
O valor do projeto é de R$ 1,1 bilhão, sendo que 70% deve vir dos financiamentos e 30% de capital próprio da Embraport. Segundo Machado, a busca por novos sócios não teve o objetivo de facilitar a obtenção dos créditos, mas ele reconhece que a chegada dos dois pesos pesados dá mais força ao empreendimento.
“Já tínhamos tomado a decisão de buscar um sócio operador e a Odebrecht veio junto, o que foi uma boa surpresa. O financiamento não dependia disso, mas é óbvio que o ingresso de duas companhias desse porte é uma enorme contribuição ao projeto sob todos os pontos de vista”, disse o executivo.
Segundo ele, a DP World vai agregar ao negócio o know-how de quem administra 49 terminais portuários ao redor do mundo, inclusive na América do Sul. Já a Odebrecht tem longa experiência em obras de infraestrutura. A empreiteira, mesmo antes de se tornar sócia, já liderava o consórcio responsável pela construção do empreendimento em Santos. O processo de seleção dos novos sócios começou no início de 2009 por meio do banco Credite Suisse.
Machado acrescentou que o terminal foi idealizado para ampliar a capacidade do Porto de Santos, que é o maior e mais movimentado do país, especialmente na movimentação de contêineres e etanol. “Ele vai cumprir um papel indutor de desenvolvimento, pois hoje essas duas áreas têm gargalos importantes”, afirmou.
Além de atender a demanda do comércio exterior em geral, a Embraport servirá aos negócios da Odebrecht e da Coimex. A primeira pretende utilizar o terminal para o escoamento dos produtos de subsidiárias como a Braskem, de petroquímicos, e a ETH, de açúcar e álcool. Já a trading Coimex deve utilizá-lo para o transporte de commodities agrícolas.
O começo das operações está previsto para 2012, com capacidade para movimentar um milhão de contêineres de 20 pés (TEUs) por ano. Quando o projeto for concluído, em 2014, a capacidade anual deverá chegar a 1,5 milhão de contêineres e cerca de 2 bilhões de litros de etanol. O local terá acesso ferroviário e rodoviário e capacidade de receber navios de 330 metros.
Parceria antiga
Este não é o primeiro projeto em que a DP World e a Odebrecht atuam em parceria. A empreiteira brasileira já construiu um terminal para a companhia árabe no Djibuti, na Costa Leste da África, e está construindo outro em Callao, no Peru.
“Essa é uma oportunidade sem paralelos de entrar no maior mercado da América Latina e estabelecer uma forte presença na Costa Leste [do continente], ampliando a rede que nós já temos na região para ampliar a oferta aos nossos clientes”, disse Mohammed Sharaf, CEO da DP World, segundo nota da empresa.