São Paulo – O relatório sobre Oriente Médio, Norte da África e Ásia Central divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra duas realidades para os países da região. Enquanto os exportadores de petróleo verão suas receitas e seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer, os importadores terão crescimento baixo.
De acordo com o estudo, os países do Menap (Oriente Médio, Norte da África, Afeganistão e Paquistão) cresceram 4,4% em 2010, deverão crescer 3,9% em 2011 e 3,7% em 2012. Já as nações do Cáucaso e Ásia Central (CCA), também avaliadas no estudo, cresceram 6,7% em 2010 e deverão registrar alta de 5,6% do PIB em 2011 e de 6,2% em 2012. Neste grupo estão Armênia, Azerbaijão, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.
Um dos motivos que fizeram o FMI prever queda no crescimento de alguns países da África e do Oriente Médio é a redução no preço do petróleo. O FMI estima que o barril será comercializado a US$ 103,20 em 2011 e a US$ 100 em 2012. Em 2010, o preço médio do barril foi de US$ 79,03.
“A vulnerabilidade fiscal tem aumentado como consequência dos gastos substanciais que têm sido realizados nos últimos três anos. O ponto de equilíbrio do preço do petróleo – o nível de preço que garante equilíbrio fiscal frente a um determinado patamar de gastos – teve tendência de alta na maioria dos países e está gradualmente se aproximando do preço real [da commodity]. Além disso, a elevação do risco soberano poderia aumentar os custos dos empréstimos em alguns exportadores da Menap”, diz o estudo.
O FMI divide os países da região entre exportadores e importadores de petróleo. Entre os exportadores estão Argélia, Bahrein, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Omã, Qatar, Arábia Saudita, Sudão, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. No grupo dos que importam petróleo estão Afeganistão, Djibuti, Egito, Jordânia, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Paquistão, Síria e Tunísia.
Graças ao aumento de 31% nos preços do petróleo neste ano, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) deverão crescer 7%. Além disso, Arábia Saudita, Emirados e Kuwait exportaram mais em 2011. Estas nações ampliaram sua produção e venda de petróleo para compensar a queda na Líbia. O Catar também elevou a produção de gás natural. O petróleo deverá gerar US$ 334 bilhões para os países exportadores (exceto a Líbia). Desse total, US$ 279 bilhões ficarão com os membros do CCG (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados, Kuwait e Omã).
Os resultados dos exportadores de hidrocarbonetos em 2011 não deverão se repetir em 2012. A previsão do FMI é que o Catar, por exemplo, cresça 18,7% em 2011 e 6% em 2012. A Arábia Saudita, que deverá crescer 6,5% em 2011, não deverá passar de 3,6% em 2012. O Sudão terá queda de 0,2% no PIB de 2011 e de 0,4% em 2012.
O FMI recomenda que os países exportadores sejam cautelosos na administração de suas receitas. “Políticas monetárias e fiscais de incentivo continuam a ser apropriadas na maioria dos países, à luz de uma ainda frágil recuperação [econômica internacional], do modesto retorno do crescimento de crédito e da falta de sinais de superaquecimento. No longo prazo, as políticas monetárias e fiscais devem ser redesenhadas para conter o consumo e absorver choques”, aconselha o FMI.
Os países que importam petróleo têm previsões ainda menos otimistas. Enquanto os exportadores deverão registrar crescimento médio de 4,9% no PIB deste ano, os importadores dificilmente crescerão mais do que 2%. “Desde o começo do ano a deterioração da perspectiva econômica e a escalada das pressões domésticas resultaram em uma desaceleração econômica em muitos dos importadores de petróleo. No entanto, não podemos perder de vista que os históricos processos de transformação trazem a promessa de melhorar os padrões de vida e um futuro mais próspero às pessoas daquela região”, afirma o diretor do departamento de Oriente Médio e Ásia Central do FMI, Masood Ahmed, referindo-se à Primavera Árabe.
“As transformações políticas e econômicas em muitos países importadores de petróleo avançaram lentamente e deverão se estender por 2012. Além disso, a atividade global e a confiança enfraqueceram. A média de crescimento dos países importadores de petróleo da Menap deverá cair de 4,75% em 2010 para abaixo de 2% em 2011. A recuperação em 2012 deverá ser menor do que anteriormente antecipada, com crescimento projetado de 3%”, observa o estudo.