São Paulo – O economista Ricardo Amorim (foto acima) acredita que o Brasil se prepara para entrar em um ciclo de expansão econômica, com expectativas promissoras na atração de investimentos estrangeiros. Amorim, que é comentarista do programa de televisão Manhattan Connection, falou sobre o tema em uma palestra sobre a economia brasileira e o comércio internacional na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, nesta quinta-feira (07).
Amorim enxerga potencial para investimentos nos países emergentes que têm grandes mercados, como o Brasil, China, Índia e Indonésia, e acha que apenas uma grande crise econômica internacional pode fazer com que a economia brasileira tenha crescimento baixo, de 2% a 2,5%, nos próximos três anos. Ele espera uma recessão econômica dos Estados Unidos entre este ano e o próximo. “Ela deve vir nos próximos três anos, mas não tem que vir só recessão, precisa ser a pior crise econômica da história do capitalismo”, diz.
Segundo o economista, no ano passado o Brasil foi o terceiro país que mais recebeu investimento estrangeiro direto. Ele lembra que o País não vivia um ano tranquilo, já que havia incerteza quanto ao resultado das eleições, escândalos de corrupção pipocando e a economia estava em uma recuperação frágil. “Apesar disso tudo, o Brasil foi o terceiro país no mundo inteiro que mais recebeu investimentos diretos, que são de empresas em negócios.”
Ele afirma que o apetite dos investidores estrangeiros pelo Brasil é “gigantesco”. Ricardo Amorim divide o mundo em três grupos: o de países desenvolvidos, com mercados desenvolvidos, regras claras, mas que crescem pouco; o dos emergentes que formam grandes blocos, mas têm mercados pequenos individualmente em sua maioria; e o dos emergentes com grandes mercados, caso dos quatro citados acima, incluindo o Brasil. “Esses países não são opcionais para empresa nenhuma que quer ter uma posição de liderança global”, afirma.
Apesar do otimismo quanto ao desempenho econômico do País, Ricardo Amorim afirma que o ambiente externo é uma preocupação. “Temo que há um risco importante de que a economia mundial esteja se aproximando de uma recessão”, afirma. Além das economias chinesa e europeia em desaceleração, ele diz que Estados Unidos dá sinais de que está chegando ao final do seu ciclo de expansão. Para o Brasil, segundo ele, fará muita diferença quando isso ocorrerá.
“Se for ano que vem, eu espero que até lá a economia brasileira esteja muito mais forte do que está hoje porque vai dar tempo de aprovar medidas importantes que têm que acontecer e que nos colocam numa situação muito mais fortalecida para lidar com impactos negativos. Se acontecer em dois meses (recessão EUA), o Brasil vai estar mais frágil para lidar com isso tudo”, disse.
Segundo o economista, o ex-presidente Michel Temer colocou em ordem dois problemas que o Brasil tinha: a inflação e a falta de estímulo à produção, mas ainda restam as contas públicas. O déficit alto é decorrência dos gastos da máquina pública e da Previdência, segundo Amorim. O economista acredita que a reforma da Previdência terá impacto significativo na redução da dívida pública. “Resolvendo esse problema de contas públicas, o Brasil vai atrair investimentos de fora que nem água”, afirmou o apresentador para o público.
Amorim abriu a palestra afirmando que um dos caminhos para ajudar o Brasil a se desenvolver é inseri-lo mais na economia mundial. Segundo ele, isso começa com relações mais fortes do País com todos os parceiros comerciais. O economista viu como acertadas as declarações do presidente Jair Bolsonaro, ainda na campanha, de aproximação com os Estados Unidos, mas como equivocadas as de endurecimento nas relações com a China. “A gente não precisa estar de um lado ou de outro nessa guerra comercial e, na minha opinião, vale exatamente a mesma coisa quando o governo fala que tem interesse em se aproximar de Israel”, disse Amorim.
Uma das promessas de campanha do presidente foi mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, fato que pode desagradar os mercados árabes, grandes parceiros comerciais do Brasil. Amorim vê quatro grupos dentro do governo: da família, o militar, o técnico e o político, e acredita que esses grupos ainda estão se acertando. “Apesar das declarações desencontradas, o que eu acredito é que estamos na direção de abrir o Brasil para negócios e eu acho que isso abre oportunidades gigantescas em todos os lados.”
A palestra de Ricardo Amorim foi voltada para associados da Câmara Árabe e para convidados. Antes de o economista falar, a entidade apresentou aos presentes o seu calendário de atividades para o ano de 2019 e fez um balanço das realizações em 2018. Com a liderança do presidente Rubens Hannun, a Câmara Árabe vem trabalhando pela aproximação do atual governo com os países árabes.