São Paulo – O primeiro dia da rodada internacional da Feira Internacional do Plástico e da Borracha (Plástico Brasil) começou com uma novidade: pela primeira vez um representante egípcio teve reuniões com empresas brasileiras dentro do Projeto Comprador do Programa Brazil Machinery Solutions (BMS), uma parceria da Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Sayed Morsy representa quinze empresas espalhadas pela região do Norte da África e Oriente Médio – algumas possuem operações inclusive no Irã e Turquia. Ele contou que foi selecionado pelo programa com ajuda da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e ficou interessado em visitar o Brasil, também pela primeira vez.
“Nunca fiz negócios com brasileiros. Há mais de quarenta anos trabalho com importações e jamais havia pensado em um dia estar aqui”, contou o egípcio, em entrevista à ANBA nesta terça-feira (21) no intervalo entre uma reunião e outra no estande da BMS na Plástico Brasil, no São Paulo Expo, na capital paulista.
O comprador busca máquinas para a produção de plástico em geral. Citou como exemplos máquinas injetoras, de moldagem por injeção e por sopro, de fundição sob pressão, de filme por sopro, extrusora para diferentes aplicações e para fabricar sacos e sacolas. De toda forma, Morsy admitiu que não veio com nada concreto em mente: seu objetivo é conhecer o mercado brasileiro, prospectar negócios e seguir com conversas no futuro. “Mas se o preço for competitivo não tem problema, vamos comprar”, disse, sem citar o valor que pretende investir nas empresas brasileiras.
Na terça-feira, o egípcio participou reuniões com doze empresas brasileiras e novas conversas foram agendadas para o dia seguinte. Morsy quer também dar uma volta pela feira, que abriu as portas na segunda-feira (20) e vai até a sexta-feira (24), para visitar os estandes das empresas com as quais conversou e fazer mais contatos.
Para o comprador, o empresário brasileiro tem boa vontade para fazer negócios, mas ainda precisa conhecer melhor as necessidades das indústrias da região dos países árabes. “Tem que saber exatamente o que precisa e quais configurações”, explica. Ele sugere aos interessados que invistam em filiais no Oriente Médio. “Eu posso auxiliar na formação dessas filiais, inclusive com recursos”, contou.
De fato, a indústria de máquinas e equipamentos ainda exporta pouco para a região, segundo Patricia Gomes, gerente de mercado externo da Abimaq. Ela disse que outros compradores da região foram selecionados para vir à edição da feira deste ano, mas apenas Morsy aceitou o convite.
“As empresas exportam muito para os países da América Latina e Estados Unidos, mercados que já estão maduros e consolidados. Agora elas desejam ampliar esse leque e, com base em estudos internos, identificamos oportunidades em regiões como Oriente Médio, Índia e Rússia, que também estão com compradores nessa edição da feira”, explicou.
Segundo a gerente, esse é apenas o primeiro passo para abrir espaço para a indústria brasileira no mercado árabe. “Caso as negociações avancem, nós também daremos novos passos e, quem sabe, passemos a cogitar a participação em feiras na região”, relatou.
No ano passado, as exportações do setor de máquinas e acessórios para a indústria transformadora de plástico alcançaram US$ 64,1 milhões, crescimento de 26% com relação a 2015. Colômbia, México e Argentina foram os principais destinos dos produtos brasileiros, de acordo com dados da Abimaq.