São Paulo – Sua população, sua dimensão territorial e a forte presença em organismos internacionais no decorrer da história, fazem do Brasil um protagonista internacional. O País pode, no entanto, ser ainda mais presente em órgãos externos, afirmou na noite desta quarta-feira (28) o vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, embaixador Osmar Chohfi.
Hoje aposentado a carreira diplomática, Chohfi foi embaixador do Brasil na Espanha e no Equador, trabalhou nas representações diplomáticas brasileiras na Argentina, Estados Unidos e França, entre outros países, e foi secretário-geral das Relações Exteriores de 2001 a 2002. No auditório da Câmara Árabe, em São Paulo, ele apresentou a palestra “O Brasil e sua inserção internacional, integração sul-americana e oportunidades”. Na plateia estavam representantes de empresas associadas à instituição, diretores e funcionários.
“O Brasil tem sido um protagonista importante no cenário externo, mas acho que ainda pode se aproximar de mais órgãos e organismos. Cito como exemplo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil precisa ser um membro pleno da OCDE. No entanto, não podemos ignorar as circunstâncias internas que o País vive”, afirmou à ANBA ao fim do evento, em uma referência aos desafios políticos e econômicos que o País enfrenta.
Segundo Chohfi, uma grande presença internacional traz benefícios ao País. “O nosso projeto de desenvolvimento não se daria à margem da participação internacional, o que se observa tanto nas relações diplomáticas, como culturais, comerciais e outras”, disse.
Chohfi observou que num futuro cada vez mais próximo serão as decisões adotadas em conjunto entre os países que irão definir a presença externa deles e até o seu desenvolvimento econômico. Ele citou como exemplo a 21ª Conferência do Clima (COP21), que será realizada em Paris, na França, em dezembro.
“O Brasil tem uma oferta (sobre metas do clima) que (se aplicada) irá impactar sua economia e influenciar, inclusive, o seu desenvolvimento econômico”, disse em referência às prováveis metas que serão adotadas para redução de emissões de gases causadores do efeito estufa a partir desta conferência.
Relação com os árabes
Em sua apresentação, Chohfi observou que o Brasil tem uma grande comunidade árabe, o que o torna um importante interlocutor com as nações do Oriente Médio e Norte da África, assim como amplia as oportunidades de comércio e parcerias.
“Não há outro país com a mesma relação com os árabes como o Brasil. Alguns, historicamente, foram mais próximos, mas no conjunto as relações são muito importantes. Há um comércio crescente, por exemplo. Porém, temos que convergir em temas como o meio ambiente. E na relação econômico-comercial o potencial é muito grande. Podemos e devemos trazê-los (investidores árabes) aqui para investir e mostrar a eles nossas experiências em setores em que temos know-how, como a agricultura”, afirmou.
Nesse sentido, ele destacou a importância da participação brasileira na Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), que será realizada em Riad, na Arábia Saudita, em novembro. No entanto, nem a presidente Dilma Rousseff, nem o vice-presidente Michel Temer, haviam confirmado participação no evento até a noite de terça-feira. Se eles não forem ao evento, observou Chohfi, sua ausência pode ser vista como falta de interesse pelos projetos que reúnem os 34 países integrantes da iniciativa.
“A situação do Brasil exige deles uma grande participação política, mas [sua ausência] pode ser vista como falta de interesse. No entanto, os países árabes têm embaixadas em Brasília, os embaixadores sabem do momento pelo qual o Brasil passa e devem explicar isso a seus países”, disse.