Alexandre Rocha, enviado especial
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Dubai – Os Emirados Árabes Unidos querem comprar mais produtos agrícolas do que o Brasil vende ao país atualmente. A demanda foi assunto de dois encontros mantidos ontem (25) por representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e do Ministério da Agricultura com diretores da Municipalidade de Dubai e da Câmara de Comércio e Indústria do emirado.
O diretor-geral interino da municipalidade de Dubai, Hussain Lootah, por exemplo, disse à ANBA que o país pode comprar mais soja, milho e mesmo frangos e carne bovina, que já são produtos tradicionalmente importados pelo país. No caso das frutas, ele acrescentou que os Emirados diversificam seus fornecedores para poder ter as mesmas variedades o ano inteiro. O trigo é outro alimento muito demandado no país.
“Existem possibilidades no caso da soja, por exemplo, pois ela é cada vez mais conhecida como um alimento saudável. No milho há também, pois aqui existem muitos fabricantes de óleos”, afirmou Lootah.
Já os diretores da Câmara de Dubai, Juma Faraj Nasib e Nizar Sardast, acrescentaram que existe grande demanda por arroz, cereal muito consumido no país, e ovos. “Além disso, Dubai é uma porta de entrada para toda a região. Cerca de 70% de nossas exportações são, na realidade, reexportações”, disse Sardast.
Nasib disse que há espaço para a venda de flores também e, no Aeroporto de Dubai, há inclusive um armazém destinado a receber rosas que vêm do exterior.
As demandas apresentadas foram respostas a colocações feitas pelo secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto. Segundo ele, o Brasil é grande produtor e exportador de produtos agropecuários, mas as vendas externas são muito concentradas em alguns produtos como soja, açúcar, frangos e carne bovina.
“Temos expectativa de ampliar nossa participação no comércio mundial”, disse Porto a Lootah. Entre as mercadorias que o país pode ampliar suas exportações ele citou frutas, lácteos, arroz e alimentos processados. O secretário disse ainda que o Brasil tem uma preocupação crescente com a qualidade de seus produtos e a sanidade de seu rebanho.
Investimentos
À Câmara de Dubai ele pediu auxílio na identificação de potenciais investidores e na realização de missões de empresários dos Emirados ao Brasil. “Existem muitas oportunidades de investimentos no Brasil e elas devem ser desenvolvidas por contatos e visitas. Estamos abertos para ajudar”, respondeu Sardast.
Ele acrescentou que muitas companhias dos Emirados estão voltadas para os investimentos externos, mas por enquanto muito concentradas no ramo imobiliário. “Mas se surgir algo interessante no ramo de alimentos, por que não investir?”, ressaltou Sardast.
Sardast ressaltou, no entanto, que a melhor maneira desses investimentos ocorrerem é por meio de joint-ventures entre companhias dos dois países. Participaram também das duas reuniões o vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, o secretário-geral da entidade, Michel Alaby, o diretor Bechara Ibrahim e o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio Marques.