Débora Rubin
São Paulo – Maria Izabel Costa não tem nenhuma ascendência árabe. Apenas pura curiosidade sobre esse universo. Foi esse interesse que fez com que ela montasse uma agência de turismo especializada em países árabes, no Egito, em particular. A AbbaTour surgiu em 1994 e atendia, no começo, grupos de evangélicos interessados em conhecer a Terra Santa. Numa das excursões, um pastor se recusou a ir ao Egito, pois ele dizia ser "uma terra amaldiçoada". "Fiquei revoltada. A partir daquele momento decidi que mais do que nunca queria mostrar o Egito para todos os grupos. Afinal, ali é o berço da civilização", recorda Izabel. Hoje, dos 19 pacotes disponíveis na agência, dez são para o Egito.
Além de pacotes tradicionais, há também excursões culturais acompanhadas de especialistas em egiptologia. Em janeiro e fevereiro, saem dois grupos rumo ao país com esse objetivo. Um cruzeiro pelo Nilo em companhia da professora Marisa Castelo Branco e o "Egito Cultural" com o professor Júlio Gralha. "Não gosto de viagens que se restringem só ao turismo, acho que a gente sempre pode aprender um pouco mais", diz Izabel.
As viagens guiadas começaram graças à frustração de uma cliente. "Era uma estudante de história que morria de vontade de ir para o Egito mas nunca tinha dinheiro. Um dia, a mãe dela deu a viagem de presente", conta a proprietária da AbbaTour. Só que, por azar, a moça foi parar numa excursão de aposentadas que queriam comprar muito e evitar museus.
"Quando chegou na Biblioteca de Alexandria, ela queria entrar e as senhoras não toparam. Não houve negociação. Ela chorou, chorou e me ligou para dizer que queria me ajudar a organizar viagens culturais", conta Izabel. E foi o que aconteceu. Hoje, ela mesma, a turista frustrada, virou guia.
Além do Egito, Izabel leva grupos para a Jordânia, Tunísia e Líbano – quando possível. Este ano, um grupo que seguia para lá chegou à Jordânia no mesmo dia em que a guerra estourou no Líbano, em julho. "Mudamos de fronteira e fomos para o Egito. Só quando chegamos lá contamos o que estava acontecendo", relata a dona da agência. Era um grupo de enfermeiras aposentadas que viaja com a Abba desde 1996. No final, tudo deu certo.
Riscos existem. E Izabel faz questão de dar dicas aos seus turistas e garantir a segurança deles. Antes de sair, passa a lista de nomes de cada cliente para a embaixada brasileira nos países que serão visitados. Além disso, recomenda: "Se possível, fiquem longe de judeus e de americanos". Por fim, em momentos mais arriscados, como nas travessias pelo deserto, contrata mais seguranças.
Izabel, que já esteve 15 vezes no Egito, três no Líbano e uma vez no Iraque, já vivenciou atentados bem de perto. Estava em Luxor em 1997 quando 58 turistas foram mortos diante do Templo de Hatchepsout e, em 2005, estava no Cairo quando houve um atentado suicida no bazar de Khan al Khalili. "E estou viva até hoje", brinca. "Digo aos meus passageiros: são os mesmos riscos de se andar em São Paulo em tempos de PCC (facção criminosa) e no Rio. Tudo é uma questão de tomar os devidos cuidados", aconselha.
Sua clientela é bem eclética. Basicamente, gente que ama o Oriente Médio, que tem curiosidade sobre o universo árabe. São pessoas que muitas vezes passam anos juntando dinheiro só para realizar o sonho de ir até lá – já que as viagens custam, em média, US$ 3 mil (algo em torno de R$ 6 mil). "E lá somos muito bem tratados. Os árabes sabem receber muito bem", garante Izabel. Mas nem só dos árabes vive a agência. Também há roteiros para a Inglaterra, Turquia, Grécia e Argentina.
Novos destinos
Para o próximo ano, a lista de opções da AbbaTour deve crescer. Procurada pela Qatar Airways, Izabel fechou com eles pacotes para o Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Além dos árabes, ela vai incluir também viagens para a Índia.
Contato
AbbaTour
Site: www.abbatour.com.br
Telefone: +55 11 3258-1100