São Paulo – Produzir energia renovável ajuda a resolver o problema do desemprego nos países, segundo afirmação feita pelo presidente da consultoria agrícola Datagro e integrante do Conselho Nacional de Políticas Energéticas, Plínio Nastari, em um painel sobre o tema no Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, que ocorre nesta segunda-feira (02), na capital paulista.
“Vamos produzir mais bioenergia”, disse Nastari para o público e para os representantes de países árabes presentes na discussão. O presidente da Datagro falou sobre o RenovaBio, política implementada pelo Brasil que traça uma estratégia para o desenvolvimento dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, como um exemplo para o mundo.
“Digo para vários países do mundo porque ele (RenovaBio) é tão importante: porque ele gera emprego. Ele não só resolve o problema do atendimento dos objetivos do clima, mas gera emprego também, que é o que vai faltar para a humanidade nos próximos anos”, disse Nastari, mencionando a fixação dos homens no campo que a produção de bioenergia pode gerar.
Nastari contou para os árabes da presença do etanol no Brasil, que é misturado à gasolina (27% do total), é usado também como combustível na frota flex e tem o bagaço direcionado para a geração de energia nas usinas. Segundo o presidente da Datagro, o Brasil evitou US$ 416 bilhões em importações de gasolina em função da produção do etanol para combustível.
A presidente da Energisa, Alessandra Amaral, também falou no painel e mostrou o alto investimento do Brasil em fontes renováveis, com 80% da geração de energia elétrica do País vinda desta matriz. O País tem atualmente capacidade de 148 GWde energia elétrica e deve passar a 212 GW, com aumento da participação de energias como a solar e a eólica.
O gerente geral e CEO do World Trade Center da Argélia, Ahmed El Antri Tibaoui, deu ao público um panorama sobre a presença da energia renovável dos países árabes. Ele citou várias nações árabes que investem na área, como o Catar, a Tunísia com projetos de energia solar, a Arábia Saudita, a Argélia, e o emirado de Abu Dhabi (que tem 25% da energia consumida vinda de fonte renovável). “Todos os países estão nesta busca”, afirmou ele.
O gerente sênior de Relações Governamentais da Agência de Água e Energia de Dubai (DEWA, na sigla em inglês), Saeed Bel Jafla, falou sobre as iniciativas de Dubai na área. Segundo ele, o emirado tem o maior parque de energia solar do mundo e grandes especialistas em energia renovável.
Dubai trabalha para aumentar sua capacidade energética renovável e, de acordo com Jafla, isso será possível com especialistas “desta parte do mundo” (disse se referindo ao Brasil e região), além dos que já tem. O gerente falou que o emirado usa carros elétricos e tem atualmente mais de 100 estações de carga, número que passará para mais de 200 até 2020.
O painel foi moderado por Suani Coelho, do Instituto de Energia e Meio Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), e pelo CEO e presidente executivo da Câmara de Comércio Árabe dos Estados Unidos, David Hamood. De acordo com Hamood, todos os países árabes estão atualmente concentrados para fazer a transição da economia de hidrocarbonetos para a da energia renovável.
O Fórum Econômico Brasil-Países Árabes foi promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, junto com a União das Câmaras Árabes e apoio da Liga Árabe.