São Paulo – A Escola Sesi Djalma Pessoa, de Salvador, na Bahia, é finalista do Prêmio Zayed de Sustentabilidade deste ano. A premiação reconhece iniciativas pioneiras em sustentabilidade em cinco categorias, incluindo a de ‘Escola de ensino médio’. A instituição foi a única do Brasil a ser selecionada nesta categoria este ano, mas outras estiveram entre as finalistas em edições anteriores. Dois alunos e um professor (foto acima) da escola baiana vão à cerimônia de encerramento, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, na próxima segunda-feira (13).
O prêmio vai para os 10 melhores projetos sustentáveis de inovação desenvolvidos por estudantes do ensino médio. Os brasileiros estão concorrendo com o Programa de Iniciação Científica em Tecnologias Verdes, que engloba estudos que a escola vem desenvolvendo desde 2012.
O professor Fernando Moutinho, coordenador do Programa de Iniciação Científica na Rede Sesi, vai acompanhar os estudantes nos Emirados. “Tem essa questão cultural e tecnológica, os Emirados têm tecnologia de ponta e é a primeira vez que vamos ter acesso a isso. Vai, de certa forma, impactar muito o nosso fazer. Independentemente de qualquer resultado, já saímos como vencedores, porque a seletiva é nacional. É um feito o reconhecimento de uma organização superimportante. Estamos no caminho certo”, afirmou Moutinho à ANBA.
Para o professor, o grande trunfo é abrir o laboratório para que os próprios alunos façam as pesquisas. “As soluções são desenvolvidas a partir do estudante. A proposta é educação ambiental e alfabetização científica deles”, contou Moutinho sobre o trabalho, norteado pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Se receber o prêmio no valor de US$ 100 mil, a escola vai expandir os projetos individuais para um programa inteiro voltado para sustentabilidade. “Começamos de forma tímida e chegamos ao ápice em 2018, quando participamos de eventos internacionais e feiras do Brasil. Vi que o que o Prêmio Zayed busca na formação de líderes globais está ligado com o que estamos fazendo”, ponderou Moutinho.
Nos estudos feitos no laboratório da escola, o professor conta que os alunos não são divididos por idade ou série que estão cursando. “O que a gente quer é justamente a diversidade. Cada um vai ter um conhecimento diferente e eles ampliam o olhar. Conseguem não só fazer ‘link’ com o que aprendem em sala de aula, mas extrapolam, vão para a universidade, conversam com professores”, apontou.
Nicole Melo é uma das estudantes que vai a Abu Dhabi representar a escola. “Eu soube que o Sesi era uma das poucas escolas que ofereciam iniciação científica e optei por vir para cá. Creio que é uma das atividades mais importantes da minha vida. Não tem divisão de gênero e idade. Conseguimos ter esse intercâmbio de gerações. Estou muito feliz. Nosso projeto visa trazer protagonismo da sustentabilidade para a ciência desenvolvida por jovens. Todo cuidado do laboratório é feito por jovens. Aqui, desenvolvemos autonomia”, concluiu ela.
Já Jeferson Costa, outro aluno que viaja pela primeira vez aos Emirados, conta que se engajou nos projetos no laboratório no ano passado. “É uma oportunidade única. Não temos muita referência de jovens que produzem ciência e eu passei a olhar as coisas e pensar em soluções”, contou o aluno, que desenvolve um estudo sobre a utilização do extrato da araçá, uma Planta Alimentícia Não Convencional brasileira, para combate à proliferação das larvas do mosquito Aedes Aegypti.
Agora, o estudante se prepara para ter novos aprendizados culturais. “Participar da iniciação científica já é incrível. Poder ir para Abu Dhabi é uma realização que eu não teria oportunidade em nenhum outro lugar, além de estar rodeado de outras pessoas que também creem na sustentabilidade. Eu não tenho nem palavras”, declarou o estudante.
Oferecido pelo emirado de Abu Dhabi, o nome do prêmio é uma homenagem ao fundador dos Emirados Árabes, Zayed Bin Sultan Al Nahyan.