São Paulo – Adotar os critérios ambiental, social e corporativo de governança (ESG, na sigla em inglês) no dia a dia de uma empresa pode ampliar seus resultados e os rendimentos dos seus investidores. Além disso, os princípios halal já estão, em parte, inseridos nestes critérios, mostrou o painel sobre o tema “Governança ambiental, social e corporativa (ESG): relevância no contexto atual”, no Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O painel teve a mediação do secretário-executivo do Pacto Global das Nações Unidas no Brasil, Carlo Pereira, e do secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e contou com a presença de representantes de empresas.
O head de Relações Institucionais da Natura, Paulo Dallari, afirmou que a empresa tem a meta de zerar suas emissões de carbono na cadeia produtiva de seus produtos até 2030 com o envolvimento de toda a comunidade. “Sem internalizar esses valores para o dia a dia das empresas, é muito improvável que os negócios floresçam”, afirmou.
Fundador e presidente do grupo Granito Group, Rodrigo Tavares afirmou que há uma tendência de que empresas que adotam os critérios ESG no seu dia a dia tenham performances financeiras melhores. “Há muitas razões pelas quais o mercado está interessado em ESG: uma delas porque dados ESG são bom identificador de riscos e investidor não gosta de ser exposto a riscos inesperados. E é risco investir empresas com corrupção, que não respeitam meio ambiente e que não respeitam funcionários”, disse.
Tavares lembrou que não há uma data específica de criação dos critérios ESG, no entanto há referências sobre os princípios básicos das finanças sustentáveis no livro sagrado do islamismo, o Alcorão.
Vice-presidente de Sustentabilidade do Al Baraka Bank, Ali Adnan Ibrahim disse que os critérios halal são exemplo de respeito e incentivo aos valores sustentáveis. “Uma das bases das finanças islâmicas está resumida desta forma: minimizar o dano e maximizar o benefício. Qualquer coisa danosa para natureza e seres humanos não estaria em conformidade com finanças islâmicas”, disse.
O head de consultoria em Dívidas e Mercados de Capitais da KPMG América Latina, Samy Podlubny, afirmou que há uma crescente emissão de títulos de empresas no exterior chamados de green bonds ou social bonds (títulos verdes ou títulos sociais). “Como se tem investidores surgindo dedicados a ESG, você aumenta base de investidores e consegue reduzir taxa que você capta”, disse. Ele afirmou que a regulamentação desses títulos ainda está no começo no Brasil.
Gerente da Halal Trade and Marketing Centre, Thomas Guerrero Flanco afirmou que a indústria halal tem poder de alavancar a produção sustentável. “Podemos transformar a indústria halal em referência mundial de aspectos saudáveis, globais, éticos e sustentáveis”, disse.
Acompanhe a cobertura completa do fórum no site da ANBA.
*Reportagem de Marcos Carrieri, especial para a ANBA.