Isaura Daniel
São Paulo – As exportações brasileiras para os países árabes cresceram 18% nos quatro primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2004. O aumento superou a projeção feita no início de 2005 pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), que apontava para uma variação de 12% a 13% para o ano.
As empresas nacionais faturaram US$ 1,33 bilhão com as vendas para a região, US$ 203 milhões a mais do que no primeiro quadrimestre de 2004. No acumulado dos últimos 12 meses, as exportações alcançaram receita de US$ 4,2 bilhões, o que significa crescimento de 32,9% sobre o período anterior. "Vamos superar a meta", disse o presidente da CCAB, Antonio Sarkis Jr.
De acordo com o presidente da CCAB, o desempenho dos quatro primeiros meses do ano já é efeito da movimentação em torno da organização da cúpula dos países árabes e sul-americanos, que ocorreu nos dias 10 e 11 de maio em Brasília, e também reflexo da visita da delegação empresarial de cinco países árabes que esteve no Brasil em fevereiro.
O mês no qual houve um maior crescimento das vendas foi justamente abril, quando os empresários árabes já haviam recebido o convite para participar dos encontros paralelos à cúpula. Em abril o Brasil faturou US$ 373 milhões com o comércio com os 22 países da Liga Árabe, ou 53% a mais do que no mesmo mês de 2004. "Os árabes já estavam olhando mais para o mercado brasileiro", afirmou Sarkis.
De acordo com ele, apesar de ter sido registrado aumento nos embarques da maioria dos produtos, foram os tradicionais que puxaram o desempenho. Dos US$ 203 milhões faturados a mais entre janeiro e abril, US$ 190 milhões corresponderam a carnes, açúcar e minérios. As vendas de açúcar tiveram receita adicional de US$ 76 milhões, as de carne de frango de US$ 60 milhões, as de minério de ferro de US$ 34 milhões e as de carne bovina de US$ 20 milhões. "Isso significa que o Brasil está se fortalecendo como principal fornecedor destes produtos", declarou Sarkis.
Os países que tiveram maior crescimento como compradores de produtos brasileiros entre janeiro e abril, em percentual, foram Somália, com 400%, Líbia, com 123%, Djibuti, com 122%, Iêmen, com 88,5%, e Jordânia, com 59,6%. As vendas para o Líbano cresceram 47,8%, para Arábia Saudita 41,1%, para o Sudão 39,7%, para Argélia 38%, para o Kuwait 33,7%, para Omã 33% e para o Bahrein 30,4%.
As Ilhas Comores compraram 19,9% a mais, o Marrocos 16,3%, o Catar 12,8%, o Egito 2,4%. Os únicos países para as quais as vendas caíram foram Tunísia, Síria, Mauritânia, Iraque e Emirados Árabes Unidos. As vendas para a Palestina não têm registro no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior pois chegam ao país por nações vizinhas.
"O aumento das vendas de produtos brasileiros não é localizado, mas está ocorrendo na maioria dos países árabes", disse Sarkis. Algumas das nações que tiveram grande aumento em percentuais não são, porém, compradoras em volume significativo, como é o caso do Djibuti, que importou apenas US$ 665 mil entre janeiro e abril.
Já o aumento de exportações para a Arábia Saudita, por exemplo, significou US$ 84 milhões a mais na balança comercial brasileira. Os sauditas são grandes compradores do frango brasileiro, justamente um dos produtos que teve maior peso na pauta do quadrimestre.
O presidente da Câmara Árabe afirmou que a tendência é que os embarques brasileiros para os países árabes aumentem ainda mais daqui por diante, já que normalmente o segundo semestre do ano registra maior volume de exportações.
Importações
As importações brasileiras de produtos árabes cresceram 9,9% nos quatro primeiros meses do ano. O Brasil gastou US$ 1,1 bilhão com compras da região, ou US$ 104 milhões a mais do que no período de janeiro a abril de 2004. Grande parte do aumento corresponde a compras de petróleo bruto e foi registrado no mês de abril.