São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB) dos países do Oriente Médio, Norte da África, Afeganistão e Paquistão irá crescer neste ano e em 2014 menos do que o esperado, de acordo com o relatório Perspectivas para a Economia Global (WEO, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (08) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O documento avalia as condições atuais e estimativas para a economia mundial periodicamente. Em relação à última edição, de julho, as expectativas de crescimento dos países do Oriente Médio e Norte da África e da economia global foram revisadas para baixo.
De acordo com o documento, os países do Oriente Médio e Norte da África, além de Paquistão e Afeganistão, deverão registrar neste ano expansão de 2,3% e de 3,6% em 2014. No relatório WEO divulgado em julho, a previsão era de alta de 3% em 2013 e de 3,7% no próximo ano. A previsão de crescimento global para 2013, que era de 3,2%, caiu para 2,9%. Para 2014, a expectativa também foi reduzida. Em julho, o Fundo esperava crescimento de 3,8% em 2014. Agora, espera alta de 3,6%.
Na avaliação do Fundo, os países do Oriente Médio e Norte da África, além de Afeganistão e Paquistão, devem crescer abaixo do previsto anteriormente devido à fraca recuperação da economia global e menor demanda por petróleo, o principal produto exportado pela região. As estimativas incluem as nações árabes, mas também não árabes, como Israel, Irã, Afeganistão e Paquistão.
“O crescimento deverá ser retomado em 2014, com uma melhoria das condições globais e uma retomada na produção de petróleo. Entretanto, um aumento igualitário e sustentável no médio prazo depende de melhorias no ambiente sociopolítico e estabilidade macroeconômica, maior diversificação da economia e aceleração da criação de empregos”, afirma o documento.
O relatório prevê queda de 1% na produção de petróleo da região, sobretudo pela menor exportação da commodity no Irã, que enfrenta sanções econômicas do Ocidente, e na Líbia, onde uma greve fechou portos e unidades produtoras. O documento prevê também menor produção saudita de petróleo, mas afirma que isso se deve à redução de demanda.
Já entre os importadores de petróleo da região, o WEO alerta para instabilidades políticas em países como Egito e Síria. O estudo afirma que os padrões de vida dos países importadores de petróleo não têm evoluído e as taxas de desemprego permanecem elevadas, o que contribui para o descontentamento social.
Entre os exportadores de petróleo, a previsão do FMI é que o PIB da Arábia Saudita cresça 3,6% neste ano, o da Argélia se expanda em 3,1%, o dos Emirados Árabes, 4%, o do Catar, 5,1%, o do Kuwait, 0,8%, o do Iraque, 3,7%, e o do Irã tenha retração de 1,5%. Já entre os países que importam petróleo, as previsões do WEO são de expansão de 1,8% no Egito, 5,1% no Marrocos, 3,0% na Tunísia, 3,9% no Sudão, 1,5% no Líbano e 3,3% na Jordânia.
Por subdivisões do Oriente Médio e Norte da África, a previsão do FMI é que o PIB do grupo dos exportadores de petróleo cresça 1,9% neste ano, o dos importadores tenha expansão de 2,8% e o do Magreb (que compreende Argélia, Líbia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia) cresça 2,7%.
Frágil recuperação
O WEO prevê menos crescimento neste ano porque a recuperação da economia mundial é fraca e com risco de ser ainda mais frágil. O FMI acredita que a economia dos países desenvolvidos crescerá 1,2% em 2013 e 2% em 2014 e não mudou suas expectativas para estes indicadores em relação ao previsto no relatório de julho. O crescimento das economias emergentes será maior. No entanto, a inflação e o desemprego ameaçam o crescimento.
“Mercados emergentes e economias em desenvolvimento têm um crescimento projetado de 5% em 2014, sendo que as políticas fiscais deverão permanecer neutras e as taxas de juros reais ficarão relativamente baixas. As taxas de desemprego permanecerão inaceitavelmente elevadas em muitas economias avançadas, assim como em várias economias em desenvolvimento, notavelmente no Oriente Médio e no Norte da África”, afirma o documento. O WEO diz que os emergentes precisam enfrentar desafios nos próximos anos: equilibrar o consumo, remover barreiras ao crescimento – situação em que o estudo cita especificamente o Brasil e a Índia -, controlar déficits fiscais e a inflação.
Brasil cresce menos
Assim como as nações do Oriente Médio, Norte da África e alguns países desenvolvidos, as previsões de crescimento do Brasil foram revisadas. No relatório de julho, a expectativa era que o Brasil crescesse 2,5% em 2013 e 3,2% em 2014. A estimativa para este ano não mudou, mas para o próximo ano o País deverá crescer 2,5%, segundo o Fundo. Deverá ser o menor crescimento entre os países do grupo Brics, formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul, em 2014.
Para que a economia global volte a crescer, o Fundo recomenda que os países da Zona do Euro promovam e apoiem uma união bancária e reparem seu sistema financeiro; sugere que os Estados Unidos elevem o teto da sua dívida e evitem impasses políticos que ameacem sua política fiscal; e propõe que Japão e países europeus promovam reformas que permitam o aumento da sua produção. Já para os países emergentes, o FMI afirma que promover reformas estruturais é “obrigação” para algumas nações para ampliar investimentos em infraestrutura e incentivar o crescimento.