Alexandre Rocha
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São Paulo – O governo do estado de Cartum, no Sudão, promove entre os dias 25 e 27 o Fórum Sudão-Brasil sobre Recursos Agrícolas e Pecuários. O objetivo é colocar frente a frente representantes dos governos e do setor privado dos dois países para falar sobre oportunidades de negócios e parcerias.
Do lado brasileiro vão participar representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, do Ministério da Agricultura, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), da Associação das Federações Muçulmanas do Brasil (Fambras), do laticínio Itambé e da Perdigão.
“O ministro da Agricultura do estado de Cartum, Jodattalla Osman Suliman, esteve no Brasil no ano passado e lançou a idéia de fazer um workshop entre esses setores, para ver como os dois países podem cooperar nessas áreas”, disse à ANBA o embaixador do Sudão em Brasília, Rahamtalla Mohamed Osman.
A idéia é que os brasileiros encontrem com as suas contrapartes sudanesas, então vão participar representantes do governo do país, de entidades setoriais e empresários. “Cada um vai apresentar o seu setor”, disse Osman. “E pode haver o encaminhamento de negócios também”, acrescentou. O evento vem sendo divulgado na imprensa local e o embaixador espera a presença de um grande número de espectadores, especialmente empresários.
O secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, vai dar um panorama geral do Brasil e das oportunidades de negócios em diferentes segmentos, falar um pouco do estado de São Paulo, das relações do Brasil com os países árabes e com o Sudão. “Desde que foi aberta a embaixada do Sudão em Brasília o comércio cresceu mais de cinco vezes”, disse Alaby. A embaixada foi aberta em 2004 e no ano anterior a corrente de comércio havia sido de quase US$ 8 milhões. Em 2007 o valor foi de US$ 47 milhões.
Segundo o embaixador, uma das prioridades é mostrar aos brasileiros as oportunidades de investimentos e joint-ventures no Sudão. “O país tem 50 milhões de cabeças de gado bovino, então pode ser feita uma joint-venture para produzir carne e fornecer ao mercado local e para outros países, pois temos os animais, temos terras e temos água. A mesma coisa vale para o leite”, afirmou.
Ele destacou a proximidade do Sudão dos países do Golfo Arábico, do outro lado do Mar Vermelho, e de outros mercados africanos. “Por que não encorajar empresas brasileiras a produzir lá para o mercado local e para exportação? É só olhar para o custo do transporte”, ressaltou.
Segundo o diplomata, seu país tem grande potencial agropecuário, com cerca de 100 milhões de hectares de áreas próprias à atividade, mas apenas 20 milhões utilizados atualmente. O Sudão, no entanto, carece de know-how, tecnologia e maquinário, o que pode ser fornecido por companhias brasileiras.
Na seara do frango, Osman disse que a produção local não é suficiente para suprir a demanda e que o país ainda não importa diretamente do Brasil. “Mas o mercado está aberto, não temos restrições às importações”, observou. Os principais produtos que o Sudão importa do Brasil são açúcar, leite em pó, tratores, colheitadeiras e outros bens de capital, fumo, automóveis e caminhões.
Alaby ressaltou que em 2006 o Brasil abriu uma embaixada em Cartum que este mês começou a emitir vistos para sudaneses, que antes tinham que obtê-los na embaixada brasileira no Cairo, capital do Egito.
O secretário-geral da Câmara Árabe vai falar também sobre as atividades da entidade e apresentar à Associação Sudanesa de Empresários e Empregadores uma proposta de acordo de formação de um Conselho Empresarial Brasil-Sudão.
Além de participar do Fórum, os brasileiros vão fazer também diversas visitas a autoridades, entidades e empresas sudanesas. Ainda este ano deve ser promovido um evento semelhante no Brasil.