São Paulo – Em 2024, o mercado brasileiro de franquias teve ótima performance e superou as previsões iniciais, que eram de avanço de 10%, alcançando um crescimento nominal de 13,5% e um faturamento de R$ 273,083 bilhões. A pesquisa trimestral da Associação Brasileira de Franchising (ABF) sobre o desempenho dos franqueados revelou ainda que, no quarto trimestre do ano passado, o setor se expandiu 11,3%, totalizando R$ 81,086 bilhões.
O mercado de franchising alcançou 3,3 mil marcas e 197.709 unidades no ano passado, o que demonstra um crescimento de 0,9%. O setor gerou 1.718.621 empregos, o que representa um aumento de 1% em relação a 2023.
Para o presidente da associação, Tom Moreira Leite, esse desempenho positivo está diretamente ligado à recuperação do consumo, impulsionado pela baixa taxa de desemprego, pelo aumento da massa salarial e pelo maior poder de compra das famílias no Brasil. Ele também cita a expressiva elevação do Produto Interno Bruto (PIB), cuja projeção inicial era de 1,59% e ficou em cerca de 3,49%, como influência significativa. Internamente, o resultado foi favorecido pela busca por eficiência operacional, pela digitalização de processos e serviços, pelo aprimoramento de estratégias omnichannel (aquelas que integram todos os canais de uma empresa, seja online ou físicos), pela expansão do franchising para o interior do País e pelo aquecimento de mercados relacionados ao agronegócio, como o estado de Goiás.
“O mercado de trabalho aquecido e o aumento da circulação de dinheiro na economia, mesmo diante dos impactos inflacionários, impulsionaram o faturamento do franchising brasileiro, que superou suas expectativas iniciais. Esse resultado, no entanto, só foi possível graças ao esforço das redes franqueadoras em ajustar suas operações e ofertas aos consumidores. É importante ressaltar a busca por eficiência operacional, o avanço da digitalização e o desenvolvimento de mercados fora dos grandes centros”, afirma Moreira Leite.
No ano passado, pela primeira vez, o setor de Entretenimento e Lazer cresceu 16,6%, superando os segmentos de Saúde, Beleza e Bem-Estar (16,5%), Alimentação – Food Service (16,1%) e Comércio e Distribuição (14,7%). Foi a primeira vez que esse segmento figurou entre os de maior crescimento. Moreira Leite atribui esse avanço a um efeito direto de pós-pandemia, e afirma que o segundo motivo que leva um consumidor a buscar um centro de compras é o entretenimento, citando dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
Em 2025, o setor de franquias vai se deparar com um cenário em transformação e com desafios, como a falta de mão de obra, a pressão inflacionária e a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que podem dificultar o crédito e o consumo. O setor também acompanha de perto a volatilidade do dólar e os eventos no cenário global, buscando entender possíveis impactos nos próximos meses. Mas as projeções de crescimento apontam para algo entre 8% e 10%.
As franquias no exterior
Na visão de Moreira Leite, para empresas franqueadoras que têm no fornecimento de produto uma alavanca importante de receitas, o câmbio com o real desvalorizado pode ser um atrativo, não só sob a perspectiva da marca, mas também do comprador internacional que deseja realizar negócios com o mercado brasileiro. “Eu acho que muitas marcas vão buscar crescimento internacional, mas de uma forma compassada. Acredito que a maturidade do franchising brasileiro somada a um conceito de brasilidade gera interesse nos mercados externos, uma vez que há essa combinação de fatores econômicos com o desejo por produtos que representam o que o Brasil tem para oferecer.”
André Friedheim, conselheiro da ABF e presidente do World Franchise Council (WFC) conta que há cerca de 200 franqueadoras brasileiras com operações em mais de cem países. “Esse número não é representativo perante as três mil empresas franqueadoras atuando no mercado. O Brasil ainda oferece muita oportunidade, e a expansão internacional requer planejamento, muito capital, a escolha certa do parceiro internacional, e uma série de outras coisas que vão fazer com que essa marca tenha sucesso lá fora.”
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