Da redação*
São Paulo – Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) planejam abrir licitações para a parte final do projeto de criação de uma rede elétrica unificada para a região. A notícia foi publicada esta semana no jornal de negócios Emirates Business 24/7, de Dubai. O empreendimento, dividido em três fases, é supervisionado pelo Departamento de Interconexão do GCC (GCCIA), sediado em Dammam, na Arábia Saudita.
A primeira fase é a interligação do Kuwait, Arábia Saudita, Bahrein e Catar na chamada Rede Norte do GCC. A segunda fase compreende sistemas independentes criados nos Emirados Árabes Unidos e em Omã, na Rede Sul. Na terceira e última parte do projeto, para a qual serão abertas as licitações, as Redes Norte e Sul serão conectadas, interligando os seis países.
O fornecimento será dividido proporcionalmente entre as nações membros. Serão alocados 900 megawatts aos Emirados, 1,2 mil megawatts à Arábia Saudita, 400 megawatts a Omã, 750 megawatts ao Catar e 1,2 mil megawatts ao Kuwait, ainda de acordo com o Emirates Business 24/7.
Os Emirados terão 15.4% da rede unificada, a Arábia Saudita 31,6%, o Kuwait 26,7%, o Catar 11,7%, o Bahrein 9% e Omã 5,6%. Em nota divulgada à imprensa na semana passada, a secretaria-geral do GCC informou que a rede vai reduzir o custo do fornecimento de energia elétrica na região.
Os Emirados e Omã já unificaram suas redes elétricas. Nos demais países a rede única está quase concluída, de acordo com Abdullah Al Shehri, do Departamento Saudita de Eletricidade e Co-geração.
"A terceira fase poderá ser concluída ainda este ano", disse Shehri ao Emirates Business 24/7. "Os países do GCC deverão abrir licitações para a terceira fase do projeto ainda este ano. Após a conclusão da terceira fase, a rede deve entrar em operação no final de 2009 ou em 2010", acrescentou.
Segundo Shehri, o custo total do projeto é superior a US$ 1 bilhão. Ainda assim, ele garante que haverá retorno financeiro e econômico. "Um país do GCC que sofra uma interrupção repentina em seu fornecimento de energia, por exemplo, poderá receber energia de outro. Um membro do bloco que tenha excedente poderá vendê-lo a outro em caso de eventual escassez", disse.
"O projeto também vai ajudar a economizar dinheiro porque, com a rede única, os países membros deverão construir menos usinas elétricas no futuro", afirmou Shehri. Ele explicou que o projeto surgiu em virtude do rápido aumento no consumo de energia no GCC, que por sua vez é conseqüência da expansão econômica e do alto crescimento populacional.
Mais demanda
A demanda por energia elétrica na região do Golfo cresce em média 8% ao ano, de acordo com a Emirates News Agency (WAM). Com a expectativa de redução na disponibilidade de recursos hídricos e o rápido crescimento populacional, as autoridades da região se vêem obrigadas a aumentar o fornecimento constantemente, segundo o especialista em energia Neil Walker. Estima-se que 8% do investimento total dos países árabes nos próximos anos serão destinados ao setor de energia.
Shehri disse que o crescimento do consumo na região é um dos mais altos do mundo. "Este projeto é vital e estratégico", disse. "No futuro, a rede poderá ser expandida e interligada a outras redes árabes, européias e de outras regiões", afirmou.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum