Randa Achmawi
Cairo – A participação brasileira na 41ª edição da Feira Internacional do Cairo, que terminou nesta sexta-feira (28), foi positiva, o que pode ser medido pelo salto qualitativo dos empresários que visitaram o estande do Brasil e participaram de suas atividades. Este ano, empreendedores de peso da região procuraram o espaço organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira com o intuito de reforçar seus laços de trabalho com o Brasil e se aproximar mais do país.
Entre eles esteve o engenheiro Zaki El Sewedy, presidente do Grupo El Sewedy, empresa estabelecida no Egito no inicio dos anos 40 como fornecedora de materiais elétricos. A companhia, que consolidou seu nome no ramo durante os anos 60, foi responsável pelo fornecimento de todo o material elétrico necessário para a construção da Barragem de Assuã, no sul do Egito.
Zaki El Sewedy procurou o estande brasileiro com intenção de importar material elétrico, especialmente lâmpadas de mercúrio ou de sódio para a iluminação de ruas. Ele é pai do também engenheiro Emad El Sewedy, um dos grandes investidores egípcios no Brasil no ramo de produção de material elétrico.
“Tudo começou quando viajei ao Brasil em 2005 para participar de uma feira, em São Paulo, especializada em contadores de eletricidade. Na ocasião comecei a sentir que o Brasil tinha um grande potencial nessa área. Começamos a reunir mais informações sobre o Brasil e consideramos a possibilidades de trabalhar no país”, disse Emad. Representantes do grupo El Sewedy anunciaram a intenção de investir no Brasil durante visita à Câmara Árabe em julho de 2006, conforme noticiado pela ANBA.
Após ter entrado em contado com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a empresa de Emad encontrou um parceiro no Brasil, a Bamp, companhia especializada na fabricação de torres de transmissão de eletricidade. Foi formada uma joint-venture que se chama Eletrometers do Brasil e que deve iniciar definitivamente seus trabalhos em junho. “Este é um investimento de aproximadamente US$ 5 milhões no estado de Minas Gerais. Estimamos que nossa empresa deverá produzir 700 mil contadores de eletricidade por ano”, afirmou o empresário.
A empresa de Emad tem como meta, em princípio, os mercados brasileiro e sul-americano e em seguida pretende se estender ao resto do mundo. O Grupo El Sewedy já tem investimentos com esse em vários países africanos. Além do Egito, eles são investidores em países como Gana, Quênia e Etiópia. Na América Latina trabalham também no México. “Já suprimos os mercados da maioria dos países árabes e africanos”, disse Emad. “No que diz respeito ao Brasil, é um país extraordinário, com um potencial sem limites, ao qual devemos dar mais atenção aqui no Egito e no mundo árabe de modo geral”, acrescentou.
Um outro importante nome do mundo empresarial egípcio que esteve no estande brasileiro foi Samir Alfonse Sawiris, presidente da Max Mayer Co., empresa especializada na importação de produtos químicos e matérias-primas usadas na fabricação de tintas. “Conheci o material brasileiro através de um cliente sírio que me trouxe uma amostra de nitro celulose importada do Brasil. Fiquei impressionado com a qualidade”, contou ele. “Eu já importo este produto há vários anos da Itália, da Holanda e um pouco da China, estou bastante interessado em fazer negócios com o Brasil por causa da qualidade e dos preços, que serão sem dúvida competitivos em relação ao oferecidos por países como a Itália e a Holanda”, acrescentou.
Sua empresa gostaria de consolidar definitivamente o trabalho com companhias brasileiras no setor de produção de matérias-primas para a fabricação de todos os tipos de tintas. “Hoje em dia se ouve falar cada vez mais do potencial oferecido pelo Brasil, por isso decidimos apostar no direcionamento a este país”, afirmou Sawiris.
A Starrett, do ramo de ferramentas, foi única empresa brasileira que mandou representante para a feira, e fechou negócios. “Realizamos durante a feira um negócio no valor aproximado de US$ 100 mil, que consiste em um contêiner de material. Esta é a segunda venda que a companhia faz para o Egito. A primeira foi um pedido de amostras no valor de US$ 30 mil. Mas, como só estamos começando, isso mostra que existe uma grande demanda para os produtos da Starrett no Egito e que seus negócios não vão parar de crescer”, disse o agente da empresa no Egito, Mahmud Ali.
Segundo a analista de comércio exterior da Câmara Árabe, Francisca Barros, presente durante todo o evento, o setor onde o comércio com o Egito tem um imenso potencial é o de alimentos. “Fui visitar um dos maiores supermercados do Cairo e fiquei impressionada com a variedade de produtos que encontrei. Mas infelizmente havia pouquíssimos produtos brasileiros à venda. Tenho certeza de que se os empresários brasileiros do setor alimentício fizerem um pequeno esforço poderão, com facilidade, conquistar um espaço maior neste imenso mercado que é o Egito, que está cada vez mais importante e mais moderno”, declarou.