São Paulo – A indústria brasileira de calçados Grendene aumentou em 18,8% o número de pares de calçados que exportou no terceiro trimestre deste ano sobre o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) no relatório de resultados da companhia. A empresa embarcou 9,1 milhões de pares de julho a setembro, enquanto nos mesmos meses de 2019 foram 7,7 milhões de pares. A receita da exportação, porém, caiu 4,5%, para R$ 117,6 milhões.
Em conferência aos investidores, o diretor de Relações com Investidores, Alceu Albuquerque, comemorou os resultados do trimestre. “Nós tivemos o melhor terceiro trimestre da história da Grendene em receita bruta, totalizando R$ 772,8 milhões, e o terceiro melhor trimestre em volume de pares, com 53 milhões”, disse, sobre a quantidade de calçados comercializados no Brasil e exterior juntos.
Albuquerque afirmou que houve uma retomada generalizada e mais acelerada dos mercados do que originalmente a empresa previa, em função principalmente do relaxamento das medidas de isolamento social. Pesaram fatores como a reabertura das lojas físicas, o auxílio emergencial para a população no Brasil, a normalização da produção que tinha ficado interrompida em parte do segundo trimestre e a receptividade pelos clientes da coleção primavera-verão. O mercado doméstico puxou a melhora.
O diretor acredita que a recuperação da empresa é reflexo também de medidas adotadas no auge da crise, como a prorrogação e o parcelamento de pagamentos dos clientes, além da redução da jornada de trabalho e de salários de todos os colaboradores – incluindo conselho de administração – para não demitir. “Essas decisões nos permitiram fortalecer as bases para um retorno rápido a condições normais de operação e nos posicionarmos para capturar oportunidades nesse cenário de rápida recuperação”, disse.
A receita bruta da Grendene no terceiro trimestre, de R$ 772,8 milhões, significou aumento de 9,5% sobre o mesmo período de 2019. Mas o volume comercializado em calçados, 53 milhões de pares, cresceu ainda mais na mesma comparação, em 22,6%. Isso significa que a empresa teve queda na receita bruta por par de calçado comercializado. Segundo Albuquerque, houve maior concentração de embarques para a América Latina, que consome produtos mais básicos, e campanhas de promoção com distribuidores em algumas regiões do mundo para acelerar o giro de estoques, que estava comprometido desde o início da pandemia.
Embora tenha dito que as perspectivas parecem estar melhorando em ritmo mais rápido do que o esperado, o diretor de Relações com Investidores lembrou que o impacto final da covid-19 ainda permanece incerto. “Mostramos ser resilientes diante da adversidade e acreditamos que estamos saindo da pandemia mais fortes como empresa, estamos orgulhosos dos nossos colaboradores e da nossa recente execução, embora cientes das inúmeras incertezas que ainda permanecem”, disse. As perspectivas para o quarto trimestre da empresa, porém, são boas. A companhia contratou 3 mil funcionários temporários, segundo o diretor.
A Grendene fabrica marcas famosas no mercado brasileiro e mundial, como Ipanema, Melissa, Rider, Grendh, Pega Forte e Grendene Kids, entre outras. A empresa anunciou em setembro o licenciamento para produzir e comercializar a marca Azaleia no Brasil e no exterior, exceto para Peru, Chile e Colômbia. A companhia é uma das maiores produtoras de calçados do mundo.