Foz do Iguaçu – A usina hidrelétrica Itaipu Binacional, que fica na fronteira do Brasil com o Paraguai, está elaborando um plano básico de modernização, segundo informações dadas à ANBA nesta sexta-feira (14) pelo superintendente de Engenharia da empresa, Jorge Habib Hanna El Khouri, durante visita de embaixadores árabes à usina. De acordo com Habib, a elaboração do plano levará cerca de um ano e meio para ser concluída, depois irá para licitação e então para execução. Não há número exato estimado, mas ele acredita que o projeto pode demandar cerca de US$ 400 milhões em investimentos.
Habib e o assistente do Diretor-Geral Brasileiro de Itaipu, Joel de Lima, receberam os diplomatas árabes em missão ao estado do Paraná na usina. Os embaixadores tiveram conversa breve com os executivos e depois partiram para conhecer as instalações da hidrelétrica. Itaipu é uma empresa binacional, metade do Paraguai e metade do Brasil, e tem capacidade para gerar 14 mil megawatts a partir da hidrelétrica instalada no rio Paraná.
Itaipu já gerou cerca de US$ 10 bilhões em royalties para Paraguai e Brasil. O projeto nasceu no ano de 1973, com a assinatura de um tratado entre o Paraguai e o Brasil, e as obras começaram cerca de dois anos depois, em 1975. No pico da construção, 40 mil operários trabalharam no local. A primeira unidade geradora foi acionada em 1984 e a última em 1987. No Paraguai, a hidrelétrica fornece cerca de 80% de toda a energia consumida e no Brasil cerca de 15%, segundo informações divulgadas na apresentação sobre a usina.
Os embaixadores árabes puderam conhecer de perto a grandiosidade da hidrelétrica. Eles entraram na usina, até o local onde ficava o leito do rio Paraná antes da construção da barragem. As paredes gigantescas de concreto seguram um reservatório de 29 bilhões de metros cúbicos de água, que entra aos poucos e de forma controlada pelos tubos da usina, movimentando as turbinas e gerando a energia necessária.
Os diplomatas conheceram outras partes da hidrelétrica, como a sala onde é executada a operação que interliga a usina com os sistemas elétricos brasileiro e paraguaio. A energia sai da usina em alta tensão e quando tem como destino o Brasil, é transmitida para São Paulo e dali ganha o sistema interligado nacional, servindo as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País. Todas as informações e conversas ali são em duas línguas, espanhol e português, ou a mistura dos dois, o portunhol, segundo informações do guia da visita.
Os embaixadores ficaram impressionados com essa integração entre dois povos simbolizada pela usina. Na recepção dada pelos executivos da Itaipu, Habib lembrou que houve uma guerra entre Brasil e Paraguai em 1860 e indicou a usina como indicativo de paz. “É possível construir a paz mesmo tendo um passado de guerra”, falou. Ele contou que nos anos 1960 voltaram a haver tensões entre Brasil e Paraguai por questões de fronteira. “Em vez de nova guerra, fizeram um acordo para construir a Itaipu”, disse Habib.
Também nesta conversa, o decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil e embaixador do Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, elogiou a Itaipu. “Vocês são um exemplo de como gerar eletricidade”, disse. Assim como os diplomatas árabes conheceram o local, na Itaipu Binacional passam turistas dos mais diversos países todos os dias. Desde que a hidrelétrica recebe esses visitantes, já passaram 20 milhões de pessoas pela usina.
Os executivos da Itaipu trocaram presentes com os embaixadores e com o terceiro secretário do Departamento de Oriente Médio do Itamaraty, Jaçanã Ribeiro, que acompanhou a visita ao estado e à hidrelétrica. Além de embaixadores e encarregados de negócios da Palestina, Kuwait, Jordânia, Líbia, Egito, Sudão, Mauritânia, Liga dos Estados Árabes, Marrocos e Tunísia, também participaram das atividades no estado o diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, e o vice-presidente de Relações Internacionais da entidade, Osmar Chohfi.
Em Foz de Iguaçu, além da visita a Itaipu, a delegação teve encontro com a prefeita Irene Barofaldi (PSDB). Em Curitiba, a capital, ocorreram encontros com o governador Beto Richa (PSDB), com o prefeito Gustavo Fruet (PDT), com empresários na Associação Comercial do Paraná (ACP) e com a comunidade árabe local. Os embaixadores participaram ainda de um jantar oferecido pela Câmara Árabe nesta sexta-feira. O diretor geral da entidade avaliou como positivas as atividades da missão e lembrou que elas geraram resultados, como a possibilidade de criação de um centro de cultura árabe no estado e de um acordo de cooperação entre a Câmara Árabe e a ACP.