São Paulo – O gerente-geral da editora egípcia Al Arabi Publishing and Distributing, Sherif Bakr, quer levar ao Egito o autor brasileiro Raphael Montes. A empresa, que ele administra com a irmã e CEO, Ranya, é um negócio familiar iniciado 48 anos atrás que publica diversos livros de autores brasileiros no país árabe, entre os quais os romances policiais de Raphael Montes, que contam com uma legião de admiradores. Adriana Lisboa e Patrícia Mello, outras das autoras que a casa árabe distribui em árabe, também têm leitores cativos.
“Temos alguns trabalhos literários, outros comerciais, e três anos atrás começamos uma grande coleção de romances policiais do mundo inteiro, porque descobrimos que aparentemente não tínhamos autores de livros policiais no mundo árabe. Eram muito poucos e não muito bons. Eu acho que uma das razões é que temos crimes suficientes nos jornais e ninguém poderia superá-los (os jornais) se começasse a escrever”, diz. Outro dos motivos que levam os livros brasileiros às traduções árabes, diz, é o desejo dos leitores egípcios por conhecer mais do Brasil e da América Latina.
“Quando você fala de Brasil, as pessoas pensam em futebol, principalmente, talvez café, Amazônia, belas garotas, floresta úmida, Carnaval… estes são os prováveis estereótipos quando pensamos em Brasil”, afirma. “O que tentamos fazer é introduzir a vida do dia a dia, a vida real das pessoas, a vida moderna, o que as pessoas fazem, o que elas sentem, como se refletem nos seus livros e você sente isso”, diz. Ele também afirma que há mais similaridades entre Brasil e Egito do que se pode imaginar. “Sempre digo que, em muitos desses livros, aparte o fato de ter muita bebida, que nós não temos, você pode mudar muitos nomes e você pode chamá-los de nomes árabes e a história iria se encaixar”, afirma.
Os primeiros contatos com obras de autoras e autores da América Latina, brasileiros em especial, foi proporcionado por uma empresa alemã que representa escritores latino-americanos. Foi a partir deste contato que a Al Arabi chegou à obra de Adriana Lisboa (“Sinfonia em branco”, de 2013). A lista de brasileiros no portfólio da Al Arabi conta com Patrícia Melo, Ana Maria Machado, Antônio Xerxenesky, Tatiana Salem Levy, Leonardo Garzaro e Raphael Montes, do qual a Al Arabi já publicou cinco livros.
A Al Arabi tem no Egito o seu principal mercado e a Arábia Saudita o segundo maior mercado. Mas vende, e atua, em todo o mundo árabe. A partir deste mês, Bakr terá encontros e participará de eventos em Frankfurt, na Alemanha, Sharjah, nos Emirados Árabes, no Marrocos e na Argélia, apenas para citar alguns destinos. O catálogo completo da empresa conta com 2.500 obras, a maioria de autores árabes, alguns deles premiados, e de temas que se estendem desde a ciência política até história moderna. Assim como outras editoras, nem todos os livros estão em catálogo no momento, mas podem ser publicados à medida que existir demanda.
O processo de publicação de livros brasileiros, diz Bakr, não é simples. É custoso porque há poucos tradutores do português para o árabe. E o português falado no Brasil é diferente daquele de Portugal. No Brasil, explica ele, há diferenças de palavras e complexidades nos diálogos inclusive entre cidades brasileiras, o que torna o processo tão lento quanto caro. Por esse motivo programas de subsídio à tradução são essenciais para ajudar editoras a levar para outros países livros de escritores locais.
Mesmo com o desafio, o interesse da Al Arabi se mantém. Ranya visitou São Paulo no ano passado e Bakr esteve em setembro na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde participou de rodadas de negócios e visitou o pavilhão de exposições da mostra. Conhece o Brasil mais do que os estereótipos que existem sobre o país.
Além de desejar uma visita de Raphael Montes, Bakr espera em breve colocar mais livros de brasileiros nas prateleiras das livrarias árabes e nos marketplaces da internet, pois a Al Arabi também vende pelo comércio eletrônico e versões em e-books, além de ter alguns projetos de audiolivros também.
“Quando voltei do Rio e depois das conversas, do mercado que eu vi e indo agora para Frankfurt, definitivamente iremos adicionar mais (livros). O processo demanda tempo para encontrar o livro correto e tem as negociações, as correspondências, o contrato e (depois disso) você começa a tradução. É um processo um pouco longo, está caminhando e estou certo de que após todas essas visitas iremos adicionar mais autores brasileiros ao nosso catálogo e haverá autores mais diversificados também”, diz.
Contato
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