São Paulo – Uma pesquisa inédita mapeou o DNA dos cearenses e desvendou que entre as origens deste povo está a árabe. O assunto integra o livro “O Cearense Revelado: uma jornada via DNA desvenda nossa ancestralidade”, que foi lançado de forma virtual na última semana e dedica um capítulo aos árabes, que têm presença expressiva na capital cearense e no sertão central do estado.
“A presença árabe é muito forte. Mesmo sendo pequena em termos de distribuição genética. Há uma presença exponencial, especialmente em Fortaleza. Os árabes cresceram muito”, declarou em entrevista à ANBA o autor do livro, Luís Sérgio Santos. A pesquisa identificou que os árabes são 1% da população do Ceará e vivem principalmente nas duas regiões citadas acima.
O livro, no entanto, não trata apenas da ascendência árabe dos cearenses, mas de todas as origens da população. A obra se baseia em uma pesquisa feita com o recolhimento de material genético junto a pessoas de todo o estado que identificou a ancestralidade local.
A obra é uma continuidade ao ensaio “O Cearense”, do professor e ex-governador do Ceará, José Parsifal Barroso, publicado em 1969, e reeditado em 2017. Santos é professor na Universidade Federal do Ceará e jornalista e trabalha, ainda, junto ao Instituto Myra Eliane, de Fortaleza, capital do Ceará, que é presidido pelo neto de Parsifal, Igor Queiroz Barroso.
Após reeditarem o livro de Parsifal, Santos e Barroso decidiram investir em uma nova obra, que desse sequência à busca pela identidade cearense. Para trazer dados ao título, foi preciso buscar na pesquisa genética um caminho. Foi em um artigo da revista Nature que Santos descobriu o método GPS e entrou em contato com o pesquisador Eran Elhaik, que criou o algoritmo GPS. Elhaik, então, se tornou consultor da pesquisa brasileira para publicação do livro. A análise genética foi realizada no Laboratório DDC, em Ohio, nos Estados Unidos, a partir de amostras colhidas em todo o Ceará.
O autor explica que foram encontrados 27 bolsões genéticos, termo utilizado para se definir alguns povos em um mesmo grupo. “Algumas dessas origens são mais localizáveis, como os árabes, outros são muito diluídos. A pesquisa é interessante porque dá o fluxo migratório. No caso dos árabes, eles chegaram ao Ceará sem mediação genética, vieram eles próprios”, explica Santos sobre o fato da carga genética árabe ter vindo de forma direta durante a migração deles ao Brasil.
No bolsão genético denominado na obra de ‘Arábia’, o autor explica que há genes de origem da Jordânia, Egito e, principalmente, Líbano e Síria. “Esse trabalho foi o que mostrou o maior número de resultados de GPS do mundo. Os árabes se concentram na região metropolitana cearense e no sertão central, em Quixadá. No capítulo deles, contamos o porquê de eles terem ido pra Quixadá. Os árabes eram caixeiros viajantes, eles vendiam de tudo. E Quixadá é um centro de distribuição”, explicou o autor.
A pesquisa contou com 160 amostras distribuídas nas mesorregiões no Ceará. O trabalho de campo durou quase um ano. O livro está à venda através do Whatsapp do Instituto: (85) 99412-3827.