São Paulo – O crescimento econômico do Djibuti, país árabe da África, deve se manter robusto no médio prazo, na casa dos 6%, impulsionado pelo crescimento sustentado das exportações e do investimento privado. A previsão foi feita pelo chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o país, Stéphane Roudet, após encerramento de visita ao Djibuti no começo desta semana, e divulgada pelo organismo na quarta-feira (19).
Em avaliação da situação econômica do país, Roudet afirma que o crescimento do Djibuti diminuiu para 6,5% neste ano, após uma média de 9,5% anuais entre 2014 e 2016, devido à queda considerável do investimento público em infraestrutura. No entanto, ele vislumbra as exportações e os investimentos privados como sustentáculos do avanço econômico nos próximos anos, desde que sejam feitos progressos nas reformas estruturais locais.
As exportações do Djibuti somaram cerca de US$ 160 milhões ano passado, de acordo com informações da Central Intelligence Agency (CIA), e foram principalmente de reexportações, couros e sucatas. Os principais parceiros comerciais são Etiópia, Somália, Catar, Brasil, Iêmen e Estados Unidos. O país produz frutas, vegetais, couros e mantém criações de cabras, ovelhas e camelos. A indústria é principalmente de processamento dos produtos agrícolas.
Segundo o FMI, as autoridades do país árabe fizeram investimentos significativos em infraestrutura nos últimos anos, para transformar a economia e posicionar o Djibuti como um centro logístico e comercial, mas o financiamento dessa estratégia acabou resultando em acumulação de dívida. Isso, segundo o FMI, representa riscos financeiros significativos. A dívida pública deverá alcançar cerca de 104% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final de 2018.
O FMI acredita que o posicionamento do país como centro logístico e comercial oferece grandes oportunidades de desenvolvimento econômico, mas que garantir o equilíbrio da dívida deve ser uma prioridade. Os retornos dos projetos de investimento público precisam ser fortalecidos e as reformas aceleradas para que seja facilitada a transição para um crescimento liderado pelo setor privado, capaz de gerar empregos e reduzir a pobreza.
As autoridades do Djibuti começaram a implementar reformas para gerenciar o risco da estratégia de desenvolvimento e manter robusto o crescimento, o que deve ser acelerado e aprofundado para um avanço inclusivo e sustentado, segundo o FMI. “Para garantir a sustentabilidade da dívida, as reformas precisam garantir que os vários projetos implementados tragam retornos econômicos e sociais”, afirma Roudet.
O chefe da missão pede fortalecimento da governança das estatais, das finanças públicas, da gestão da dívida e do sistema tributário. O FMI afirma que podem ser gerados mais recursos para o governo pela reforma das empresas estatais, reduzindo gastos e melhorando a eficiência deles. O organismo sugere reformas arrojadas nos setores de telecomunicações e eletricidade, inclusive para melhorar preços e serviços oferecidos.