Isaura Daniel
São Paulo – Depois de servir de cenário para obras literárias e filmes como O Paciente Inglês e O Céu que nos Protege, o deserto do Saara ganhou as passarelas da moda. Para criar a coleção primavera-verão, estilistas foram buscar inspiração nas regiões mais exóticas do mundo. Chegaram ao Saara. A famosa grife Prada estampou em suas criações fotos aéreas do deserto. No Brasil, as areias da África estão presentes nas coleções por meio de tecidos como linho e o algodão.
"Os tons cru, areia, bege e caju são referências ao deserto", explica a consultora de Moda e Estilo, Cristiane Gurgel. Além de tecidos naturais e das cores claras, também os acessórios trazem fragmento da vida no deserto. Pingentes em forma de presas de animais, como os elefantes que vivem no deserto de Namíbia, por exemplo, deverão ser vistos adornando o pescoço das mulheres brasileiras no próximo verão.
O tema mais forte da moda na estação será o étnico, de acordo com a consultora de Moda do Senac de São Paulo, Luciana Parisi. "O tema étnico gira em torno de viagens a lugares exóticos", explica. Exatamente por isso os africanos e o seu deserto entraram para as passarelas como temas inspiradores. Milhares de turistas se deslocam todos os anos para países de características peculiares, como Marrocos e Mauritânia, dispostos a desbravar o Saara.
Do continente africano as coleções ainda trarão o colorido e as estampas imitando peles de tigres, onças, zebras e cobras. "A estampa de cobra será uma das mais salientes", diz Cristiane. A cobra normalmente é encontrada nas areias do deserto em função do calor.
O estilista Marcelo Sommer foi um dos estilistas brasileiros que mostrou o colorido típico da África durante o São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil, que termina nesta segunda-feira (4) na capital paulista. Ele usou tecidos feitos por holandeses justamente para as roupas das mulheres africanas. Os beges também fizeram parte da coleção do estilista brasileiro e se misturaram aos tons mais vivos.
Um dos tons de bege utilizados na coleção de Soomer e de outros estilistas, o mais forte deles, aliás, lembra as roupas típicas de safári, programa turístico obrigatório para turistas em visita à África. O safári será uma outra face das vitrines na primavera-verão. De acordo com Luciana, barras viradas e calças tipo uniforme, bem ao estilo dos estrangeiros em busca de aventura, vão estar nas coleções. "A roupa utilizada pelos exploradores serve como inspiração", diz a consultora.
Moda do mundo
Mas não apenas os temas africanos vão nortear a moda. Os estilos indiano, cigano, mexicano, cubano, jamaicano, todos servirão de base para as criações. Eles compõem a face étnica das roupas que estarão nas lojas do Brasil a partir do final do ano. Mas a moda também será romântica e moderna. "São os três grandes temas: o romantismo, o étnico e o modernismo", diz Luciana.
O romantismo será traduzido em matérias-primas leves, em modelitos de estilo ingênuo, com tons suaves e florais. "Os vestidos soltinhos, por exemplo, continuarão em alta, no mais puro estilo romântico", explica a consultora. Os tons de rosa, que são destaque há alguns anos, também devem aparecer na estação, mas dividirão o espaço com os violáceos, como o lilás.
Já o modernismo deve destacar formas e recortes geométricos e priorizar o conforto das peças. "É a roupa para a mulher executiva, que gosta da praticidade do casual", diz. De acordo com a estilista, tudo o que é artesanal também será muito valorizado na estação quente. Crochês e os macramês, portanto, estarão em alta.