Isaura Daniel
São Paulo – Há cerca de quarenta anos, as mulheres que moravam na cidade mineira de Monte Sião, a maioria filhas, netas e bisnetas de italianos, faziam tricô em casa, enquanto seus maridos trabalhavam na lavoura. O tricô era feito de forma manual. Quando lá pelos anos 70, a cidade começou a ganhar atenção dos turistas, que a visitavam motivados pelas águas termais da região, as mulheres de Monte Sião colocaram suas peças em tricô à venda nas janelas das casas. Dali para a compra das primeiras máquinas foram poucos anos e Monte Sião logo ficou conhecida como a Capital Nacional do Tricô.
A produção de malha retilínea, ou malha de tricô, é hoje um dos principais motores da pequena cidade, que se esconde em meio às montanhas do estado de Minas Gerais. As indústrias do setor são cerca de 1,2 mil, todas de pequeno porte, segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Monte Sião (ACIMS) e diretor de Indústria, Comércio, Turismo e Cultura da Prefeitura Municipal, João Tadeu Dorta Machado. Neste ano, as indústrias esperam um crescimento de vendas entre 15% e 20%, de acordo com Machado. Atualmente, a capacidade de produção delas é de quatro milhões de peças de tricô por mês.
A cidade está agora a menos de dois meses do início da grande temporada de vendas, que começa em março e vai até o mês de julho. As peças em tricô, apesar de não serem mais feitas apenas com lã ou linhas grossas como antigamente, ainda são mais procuradas para o período de inverno. Aí está, aliás, um dos esforços feitos dos empresários de Monte Sião: mostrar aos consumidores e varejistas que a malha em tricô também pode ser usada em estações quentes. A cidade promove todos os anos uma feira para comercializar suas malhas. Neste ano, a Feira Nacional do Tricô (Fenat) vai ocorrer entre 15 a 23 de abril.
Durante a mostra, que tem cerca de 60 expositores, lojistas e consumidores do Brasil todo procuram a cidade. A Fenat vai ocorrer entre às 7h e 19h no Centro de Exposição e Lazer de Monte Sião. Os turistas, porém, não vêm apenas nesta época do ano. Eles continuam procurando a cidade em meio a passeios por estâncias hidrominerais próximas. Monte Sião está, por exemplo, a 70 quilômetros de Águas de Lindóia e a 30 quilômetros de Serra Negra. Os dois municípios têm essa característica.
Para exportar
Importadores, porém, vêm apenas esporadicamente para a cidade. Em Monte Sião são apenas quatro as empresas que exportam. "Fomos a algumas feiras, em Paris, Las Vegas, temos alguns representantes comerciais no exterior, mas nos últimos três anos a barreira para vender lá fora foi a China. Algumas empresas exportam, mas em quantidades pequenas e um produto mais elaborado, com características brasileiras", afirma Machado.
Butiques da Europa, Caribe e Arábia Saudita, segundo ele, estão entre os clientes estrangeiros das indústrias de malha de tricô de Monte Sião. Os últimos desfiles internacionais de moda, porém, tiveram a presença do tricô, o que pode favorecer as vendas dos empresários da cidade. As indústrias estão contando com isso também, aliás, para vender mais no mercado interno. O que deve desfavorecer a comercialização das peças em tricô, porém, é a previsão de temperaturas um pouco mais altas em todo o mundo.
Independentemente disso, os produtores de tricô de Monte Sião vão trabalhar para fazer sua indústria crescer. Segundo Machado, já há um esforço neste sentido. Os empresários estão investindo em capacitação, se inserindo no mundo fashion para apresentar novidades e inovação em todas as coleções. A capacidade de design, segundo Machado, é uma das principais características da produção das peças em tricô de Monte Sião.
Existem na cidade ao redor de 800 lojas de malhas retilíneas. Além da indústria e o comércio de malhas, porém, outros setores também movem a economia de Monte Sião. Entre eles estão a produção de porcelana e a agricultura.
Serviço
FENAT
De 15 a 23 de abril
Das 7h às 19h
Centro de Exposições e Lazer de Monte Sião – MG
Informações: +55 (35) 3621-3382