São Paulo – O documentário do cineasta brasileiro Omar de Barros Filho, “A Palestina Brasileira”, foi selecionado para a 8ª Edição do Festival Internacional De Cinema Latino Árabe. A mostra ocorre de 20 a 29 de março de 2019 em Buenos Aires, Argentina, e o filme será exibido na seção panorama latino árabe.
A notícia foi recebida pelo diretor nesta primeira semana de fevereiro. “Sabemos que tem a premiação, mas para nós, que atuamos na área de documentários, o prêmio é fazer o filme, produzir o filme. Na realização dele, tivemos muitos problemas, principalmente na época quando fui filmar com a CenaUm (produtora) na Cisjordânia, na Palestina”, contou o diretor.
Para Barros, o Festival é bastante tradicional e uma ponte entre a cultura latino-americana e árabe com o público. “O povo árabe tem muita força na América Latina, no comércio e na indústria. A organização que mantém o festival, a Cinefértil, tem um grande respeito internacional pela qualidade do trabalho cultural que desenvolve em Buenos Aires”, afirmou. Para o diretor, que chegou a ter uma das câmeras confiscadas quando embarcava para voltar ao Brasil, o grande desafio foi viver e sentir a realidade como se fosse um palestino.
O documentário nasceu após o diretor ler uma matéria na ANBA sobre o grande número de pessoas na comunidade palestina do Rio Grande do Sul. “Conheci o Festival quando realizei o documentário que trata a situação dos imigrantes palestinos que vieram para o Rio Grande do Sul em função da ocupação da Palestina por Israel. “Essa comunidade veio se estabelecer no Rio Grande, na capital, região metropolitana e cidades de fronteira com Uruguai e Argentina. E se adaptou à cultura brasileira nesse novo ambiente político e social”, explicou Barros.
“O filme versa sobre o universo que está aqui e o que ficou pra trás. A comunidade palestina sofre um apartheid por parte de Israel, as cidades são cercadas por muros. O país é dividido. Israel se considera dono das águas de superfície, subterrâneas, céu e mar. É uma situação dramática e sensível”, afirmou o cineasta.
O documentário ainda não encontrou distribuição formal, mas a própria equipe vem fazendo o papel de espalhar a obra aos principais interessados. “Tenho ido às comunidades de palestinos no interior do estado. Tem sido uma oportunidade mostrar esse trabalho para as comunidades. Já apresentei em Porto Alegre e é muito interessante porque o filme, de fato, tem grande empatia com público palestino, que se emociona. Em geral, faço uma palestra depois, conversamos sobre o filme e a situação do país hoje. Para mim, como autor, isso compensa completamente a distribuição. A comunidade nos recebeu de forma muito aberta, franca. Me sentia, de certa forma, em dívida. Não queria simplesmente fazer o filme e depois desaparecer. Tenho cumprido esse circuito e sinto que o filme tem uma importância para eles, por se verem retratados em uma produção que eles consideram que é deles. Deixou de ser minha e é deles”, declarou.
No ano passado, o filme foi exibido durante a 13ª Mostra Mundo Árabe de Cinema de São Paulo e no Festival de Cinema de Gramado. O longa também foi projetado na Tunísia, durante sessão especial do filme na que ocorreu na cidade de Kasserine, no final de novembro de 2108, na inauguração de um centro cultural e em comemoração ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Para 2019, o cineasta está organizando um novo cronograma e espera exibir a obra em outros festivais.