São Paulo – O Museu Egípcio e Rosacruz de Curitiba, no Paraná, apresenta ao público nesta terça-feira (02) uma nova “aproximação facial” da múmia Tothmea, que integra seu acervo. A reconstrução digital do rosto da múmia de uma mulher foi feita pela primeira vez há seis anos, e atualizada agora com o uso de tecnologias surgidas no período.
“Houve bastante desenvolvimento da tecnologia de lá para cá”, disse o arqueólogo Moacir Elias dos Santos, responsável pelo projeto Tothmea+6, ao lado do designer 3D Cicero Moraes, que fez a modelagem digital da face.
Como na primeira versão, a nova aproximação facial utilizou uma tomografia e uma fotogrametria realizadas na múmia. A fotogrametria é a medição das dimensões de um objeto por meio de fotografias. Anteriormente, já havia sido realizado um trabalho de reconstrução física da face (foto acima), que estava muito danificada.
Na nova simulação, segundo Santos, foi utilizada uma “tabela de pontos craniométricos” feita com base na população egípcia atual. “A anterior, que foi utilizada [na imagem original], tinha como base as medições de mulheres subsaarianas”, explicou o pesquisador.
A atualização resultou num “retrato” mais detalhado de Tothmea, com traços mais finos e pele mais escura, e com características que não apareciam na figura original, como os dentes protuberantes. Os adereços são uma concepção artística feita com base na iconografia da época em que a pessoa viveu, há cerca de 2,7 mil anos, no período dinástico tardio.
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A idade da múmia, segundo Santos, foi calculada com base no estilo de mumificação utilizado, pois havia pouco material para ajudar na identificação, como joias, objetos pessoais e hieróglifos. Até o ataúde se perdeu desde que a relíquia saiu do Egito, no final do século 19.
De acordo com arqueólogo, porém, registros datados de 1888 contam que inscrições no sarcófago davam conta que a mulher teria se dedicado ao serviço da deusa Isis, talvez como cantora ou musicista. Não se sabe o verdadeiro nome da pessoa. “Tothmea” é um apelido dado ainda no século 19 em homenagem aos faraós de nome Tutmés, da 18ª dinastia (1504 a 1425 a.C.).
Santos acrescenta que a múmia saiu do Egito em 1886 como um presente a um secretário do governo dos Estados Unidos. Em 1995, ela foi doada ao museu curitibano pelo Museu Egípcio e Rosacruz de San Jose, na Califórnia. “Infelizmente, ela é hoje a única múmia [egípcia] completa no Brasil, depois do incêndio no Museu Nacional [do Rio de Janeiro, em setembro de 2018]”, afirmou o arqueólogo.
Na instituição paranaense, a múmia fica em exibição numa sala decorada como uma capela funerária da 18ª dinastia do Egito Antigo. Nesta terça, a nova aproximação facial passará a ser exibida num telão instalado na área de exposição. Além disso, pela manhã, Santos e Moraes estarão presentes para dar explicações para estudantes que vão visitar o museu.
De acordo com a supervisora cultural da instituição, Vivian Tedardi, o acervo conta também com uma coleção de réplicas de artefatos egípcios que estão expostos em vários museus do mundo e com uma múmia andina que ainda precisa ser estudada para fazer sua datação e descobrir outros detalhes.
Serviço
Apresentação do Projeto de Aproximação Facial Forense Tothmea+6
Terça-feira, 02 de abril, das 09 às 16 horas
Museu Egípcio e Rosacruz
Rua Nicarágua, 2620, Bacacheri, Curitiba, PR
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Mais informações: (41) 3351-3024