São Paulo – O sistema financeiro está em crescimento na Palestina, segundo informações apresentadas nesta quinta-feira (03) no segundo e último dia da Conferência Palestina de Investimentos, em Belém, na Cisjordânia. Segundo o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, que participou do encontro, o total de ativos bancários na Cisjordânia e na Faixa de Gaza chegou a US$ 2,2 bilhões nos primeiros quatro meses deste ano, ante US$ 1,6 bilhão no mesmo período de 2009.
As informações foram divulgadas pelo presidente do Fundo de Investimentos da Palestina, Mohammad Moustapha. O volume de depósitos passou de US$ 1,2 bilhão para US$ 1,5 bilhão e o total de crédito para o setor privado de US$ 400 milhões para US$ 650 milhões na mesma comparação. “O aumento dos depósitos mostra a confiança no setor bancário”, disse Alaby.
Moustapha anunciou também a constituição de um fundo específico para financiar a construção de moradias populares, batizado de Al-Amal, que vai concentrar recursos de instituições locais, regionais e internacionais. O capital inicial é de US$ 140 milhões e deve ser suficiente para viabilizar a construção de 30 mil casas nos próximos 10 anos, com prazo de 25 anos para pagamento pelos compradores. O déficit habitacional nos territórios palestinos ocupados chega a 40 mil unidades.
“Tal programa possibilitará a geração de empregos e oportunidades para pequenas e médias empresas”, afirmou Alaby. Entre as entidades que apóiam programas de desenvolvimento na Palestina estão os governos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos e o Banco Mundial.
O enviado norte-americano ao Oriente Médio, George Mitchell, responsável pela mediação do processo de paz entre israelenses e palestinos, e o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, representante do chamado “Quarteto para o Oriente Médio”, destacaram que os empreendedores privados têm um papel importante a cumprir na economia local e que os investimentos nacionais e estrangeiros geram empregos, renda, consumo e, consequentemente, estabilidade social, um dos maiores problemas da Palestina. O fortalecimento do setor privado, principalmente das pequenas e médias empresas, foi o tema da conferência.
Energia
Na área de energia, segundo Alaby, o presidente da Agência de Energia da Palestina, Omar Katana, informou que serão investidos US$ 90 milhões na construção de estações de geração de eletricidade na Cisjordânia. As obras vão ser realizadas por empresas do Egito e Jordânia e, na primeira fase, terão capacidade para 200 megawatts, o suficiente para atender a um terço da demanda local. Para atender as necessidades de toda a população, será necessária a construção de pelo menos mais quatro plantas geradoras.
Ainda ontem, de acordo com Alaby, foram realizados painéis sobre turismo, infraestrutura, meio ambiente, energia renovável, tecnologia da comunicação e informação, agricultura e construção.
Ao final, o ministro palestino da Economia, Abu Lideh, apresentou algumas conclusões da conferência, como a necessidade de redução da burocracia; a constatação de que os investimentos na Palestina dão lucro, especialmente nos ramos de construção e turismo; que vários projetos anunciados na primeira edição do fórum, em 2008, estão em andamento, principalmente em construção e telefonia; o setor de mármores e granitos também apresenta oportunidades de investimentos; e que próximo encontro do gênero será realizado no próximo ano, em Jerusalém ou Gaza, e terá como principais temas educação e saúde.