São Paulo – Desenhos, quadrinhos, retratos, músicas. O artista multitalentoso Hosam Omran, nascido na Jordânia e filho de palestinos, veio ao Brasil em novembro de 2021 para uma residência artística, primeiro na Residência São João, fazenda no interior do estado do Rio de Janeiro, e depois, na Kaaysá Art Residency, no litoral norte de São Paulo.
Ao longo dos quatro meses no País, Omran terminou seu livro, uma novela gráfica em árabe com desenhos à caneta, Hotel Cairo, e o exibiu na fazenda fluminense. Ele também formou uma banda que mescla sons brasileiros e árabes, a Jeera, ao lado de Pitter Rocha e da cantora Lou Pipa, ambos brasileiros. Omran canta, toca ukulele, daff (um tipo de pandeiro árabe de origem egípcia) e um pouco de violão.
Aos 30 anos, o palestino formado em Direção de Arte já reuniu seus talentos em um curta de animação, está produzindo um novo filme e busca uma editora para publicar sua novela gráfica, com versões em árabe e português.
Esta não é a primeira vez que Omran vem ao Brasil. Ele esteve no País em 2018, antes da pandemia, por duas semanas. “Foi minha primeira viagem para fora do Oriente Médio”, ele disse à ANBA. “Vim até aqui e foi muito pouco tempo, então tive que voltar e realmente viver essa experiência”, disse.
Os pais de Omran foram expulsos da Palestina em 1948, e depois novamente em 1967, segundo ele. A família viveu no Iêmen durante a infância do artista, e em 2014 teve que se mudar para a Jordânia também por questões de conflito na região. Hosam Omran só esteve na Palestina uma vez, aos sete anos de idade. Depois, nunca mais conseguiu retornar.
Na residência na Kaaysá, ele gravou músicas e se conectou com a natureza, a praia e as cachoeiras. “Toda experiência no Brasil foi muito diferente. Não temos esse verde como vocês têm aqui. As pessoas são muito bondosas e há um nível de consciência muito grande sobre a causa palestina, que eu não pensei que fosse encontrar, e sou muito grato de poder ver isso aqui”, disse. A estadia na Kaaysá teve o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Omran está estudando português e afirmou que, para ele, o idioma tem uma pronúncia mais fácil do que outras línguas. Seu lugar preferido no Brasil foi Boiçucanga, onde fica localizada a Kaaysá. “Eu me conectei muito com o local, gravei músicas, fiz a arte para o álbum que estou para lançar e toda experiência foi muito significativa para mim”, disse.
“Jeera” significa algo como “se tornar vizinho” em árabe, e o artista disse que escolheram o nome para a banda porque ele e seus colegas viveram muito próximos na residência artística. “Vamos continuar com o projeto, pretendo me inscrever em outras residências, e quero sair em turnê pelo Brasil com a banda”, disse. Hosam Omran retorna para a Jordânia nesta quarta-feira (23), mas espera regressar em breve ao País. “Eu sinto que pertenço ao Brasil”, concluiu.
O artista divulga seus trabalhos em sua página no Instagram e tem álbum no Spotify.