Marina Sarruf
São Paulo – O pesquisador José Amado Alves, que trabalha como supervisor de produção de uma empresa de mineração em Cajati, no Vale do Ribeira, em São Paulo, criou um processo de desidratação para transformar frutas, legumes e tubérculos em farinha, num período de duas a três horas. Atualmente, o inventor procura investidores para comercializar o produto.
"O principal objetivo deste projeto é pegar as frutas que são descartadas diariamente e transformá-las em farinha de frutas", afirmou Alves, que já realizou testes com banana, goiaba, maçã, abacaxi, mamão, maracujá, entre outras. O processo consiste em desidratar, secar e moer a casca da fruta, a polpa ou os dois juntos. De acordo com ele, essa técnica de desidratação já existia no Brasil, porém era um processo que levava cerca de 13 horas.
Segundo Alves, a idéia do projeto surgiu em agosto de 2003, num curso de pós-graduação de empreendedorismo na faculdade Sociedade de Cultura e Educação do Litoral Sul (SCELISUL), onde teve que desenvolver um produto. "Comecei primeiro com a desidratação da casca da banana madura, o que é muito difícil. Depois que eu consegui, resolvi testar a casca e a polpa de outras frutas", disse.
De acordo com o inventor, esta nova técnica descoberta por ele apresenta algumas vantagens como maior conservação e concentração dos nutrientes. A farinha não leva nenhuma adição de ingredientes químicos, tem um tempo de secagem menor e é possível utilizar equipamentos nacionais na fabricação. "O que é interessante é que a farinha fica colorida e com sabor, diferente do trigo", disse Alves.
Após a descoberta, Alves arrumou um sócio e montou uma pequena empresa de 200 metros quadrados próximo de sua casa, em Cajati, chamada Copavar. A unidade tem capacidade de produzir 600 quilos de farinha por dia. Ele acredita que com um investimento de R$ 60 mil a R$ 500 mil é possível produzir de 30 a 2 mil quilos por hora. Até agora, a empresa só distribui amostras. "Procuro investidores no momento. Posso tanto vender a farinha ou vender a tecnologia", afirmou.
Uma outra vantagem da farinha de frutas ou legumes é que o produto é 100% natural, não contém glúten, proteína presente no trigo. Isso permite que ela seja consumida por pessoas que têm intolerância ao produto. O pesquisador garante que a farinha pode ser usada para fazer qualquer tipo de massa, vitamina, salgadinhos, sopas, pudins, entre outros produtos. "A farinha é um produto integral, nutritivo e saboroso", disse.
Produto aprovado
José Amado Alves conta que suas primeiras experiências para descobrir um processo inovador de desidratação das frutas e legumes começaram em sua casa. "Antes de comprar os meus equipamentos atuais, eu utilizava utensílios de cozinha em meu laboratório", disse. "Passei madrugadas fazendo testes", completou.
Após ter conseguido transformar as frutas em pó, Alves levou uma amostra da farinha para o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), em Campinas, e, de acordo com ele, foi aprovado. Foram feitos testes, também, no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em São Bernardo do Campo.
No momento, a nova tecnologia inventada por Alves está em processo de patenteamento, mas ele acredita que em breve vai sair. "Não há nada parecido no Brasil, por isso acredito que vai sair", afirma. O nome fantasia da farinha desenvolvida pela Copavar é Dona Nica e, além dos oito sabores de frutas que estão presentes no site da empresa, Alves já desenvolveu farinhas de beterraba, tomate, pimentão, batata doce, agrião, couve e outras.
Copavar
Telefone: +55 13 3854 1848
E-mail: atendimento@donanica.com.br