Isaura Daniel
São Paulo – O preço do barril de petróleo do tipo WTI saiu de US$ 43,35 no final de 2004 para US$ 60,90 em dezembro do ano passado. O aumento do preço da commodity no mercado internacional, que chegou a 40%, impulsionou a entrada de divisas no mundo árabe, região que abriga alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo. Neste ano, o petróleo deve continuar com preços altos e levar ainda mais renda para as nações árabes.
Os analistas apostam em um preço médio de US$ 65 para o barril de petróleo em 2006. Essa é a projeção feita, por exemplo, pela consultoria brasileira GRC Visão. Ou seja, o aumento deve ser menor do que no ano passado, mas ficará na casa dos 7%. "A demanda por petróleo vai continuar crescendo, principalmente na China e nos Estados Unidos", diz o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby.
O diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (Cieb), Adriano Pires, lembra que a oferta do produto cresce a taxas menores que a demanda. Ele acredita que o preço do barril deve aumentar entre US$ 1 e US$ 2 neste ano. O que pode mudar esse quadro, porém, de acordo com Pires, e levar o preço até para US$ 100, é acentuação dos conflitos entre os EUA e o Irã, quarto maior produtor de petróleo do mundo.
O Departamento de Energia dos Estados Unidos, porém, ainda trabalha com um cenário onde o preço do barril do petróleo WTI é de US$ 63. De acordo com Alaby, com o aumento do preço, a economia dos países árabes produtores de petróleo continuará crescendo. "Eles tendem a comprar mais, melhorar a qualidade de vida", diz o secretário-geral. Alaby acredita que uma das áreas nas quais eles devem continuar investindo neste ano, e utilizar aí os recursos decorrentes do petróleo, é a construção.
Um aumento de renda no mundo árabe beneficiaria os países que exportam para a região, como é o caso do Brasil. A Arábia Saudita, por exemplo, é o maior produtor de petróleo do mundo. No ano passado, os sauditas adquiriram US$ 1,2 bilhão em produtos brasileiros. As compras cresceram 45,8% em relação ao ano anterior. Os sauditas, assim, como os argelinos, também exportam petróleo para o Brasil.
De acordo com Adriano Pires, o aumento dos preços do petróleo não deve trazer grandes problemas para o mercado nacional, já que o Brasil está caminhando para a auto-suficiência na produção da commodity. Para que o Brasil se auto-abasteça será necessária uma produção de 1,8 milhão de barris por dia. No ano passado, a média de produção ficou ao redor de 1,69 milhão de barris.
De acordo com projeções do Departamento de Energia dos Estados Unidos, os países integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vão faturar US$ 521,9 bilhões com a commodity neste ano de 2006. No ano passado, eles tiveram receita de US$ 473,1 bilhões. Entre os integrantes da Opep estão os árabes Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Argélia e Líbia.

