São Paulo – De 27 a 30 deste mês, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) realiza as Primeiras Jornadas Sul-Americanas de Filosofia Árabe. O evento está sendo organizado em parceria com a Universidade do Chile e é aberto ao público.
De acordo com Jonnefer Barbosa, professor do curso de Filosofia da PUC-SP, as jornadas “têm o intuito de reunir pesquisas no campo da Filosofia Árabe, propiciando uma rede de divulgação e produção [do tema]”. Durante os quatro dias do evento, serão abordados os principais conceitos da filosofia árabe, assim como os estudos realizados por importantes filósofos árabes, como Al-Farabi, Avicena e Averroes.
“Em primeiro lugar, quando falamos de filosofia árabe, estamos nos referindo a um capítulo da história da filosofia, que é o que se desenvolveu em língua árabe, nas terras do Islã, entre os séculos 08 e 14 d.C., podemos dizer”, explicou Kamal Cumsille, professor do Centro de Estudos Árabes da Universidade do Chile, em entrevista por e-mail à ANBA. Cumsille será um dos participantes do seminário.
“A filosofia árabe é fundamentalmente aristotélica e, nesse mesmo sentido, é fundamentalmente naturalista e materialista. Sua principal preocupação é como se criou o mundo das coisas que existem, o modo que criamos o conceito deste mundo e de nós mesmos neste mundo natural”, destacou Cumsille.
Rodrigo Karmy, também professor do Centro de Estudos Árabes da Universidade do Chile, aponta que “para os latinos medievais do século 12 e 13, por exemplo, o referencial filosófico não era a Grécia e sim o Oriente árabe”.
Segundo Karmy, que também será palestrante nas Jornadas, uma das principais diferenças entre a filosofia árabe e a grega é que a filosofia árabe “foi, provavelmente, a primeira a enfrentar diretamente o problema teológico-político da diferença entre a razão e a fé, entre a palavra filosófica e a palavra revelada”.
Por aqui, o professor Barbosa conta que “há um hábito arraigado, na tradição acadêmica brasileira, em tratar a Filosofia Árabe como um campo específico da Filosofia Medieval, quando os comentadores tratam da importante tradução de tratados de Aristóteles realizada por filósofos árabes”.
Para ele, “esta ‘compartimentalização’, ou a redução de um complexo debate a pinceladas historiográficas, assim como em outros campos da Filosofia, impede-nos de analisar as singularidades da Filosofia Árabe como espaço de produção de conceitos decisivos para a compreensão de temas caros da ontologia à política”.
Sobre os principais nomes da filosofia árabe, o professor Cumsille aponta que Al-Farabi era a “autoridade filosófica” para todos os outros. “Chamavam-lhe de segundo mestre. É citado amplamente tanto por Avicena quanto por Averroes, e sua influência sobre toda a constelação de filósofos árabes é indiscutível”, ressaltou.
De acordo com Cumsille, em seguida, “Avicena e Averroes irão aprofundar, sistematizar e esclarecer, assuntos sobre os quais Al-Farabi trabalhou. Além disso, Avicena e Averroes são os dois grandes pensadores da cultura científica do Ocidente medieval”, completou.
As Jornadas Sul-Americanas de Filosofia Árabe serão realizadas bienalmente. O evento é gratuito e não há necessidade de inscrição prévia.
Serviço
Primeiras Jornadas Sul-Americanas de Filosofia Árabe
De 27 a 30 de abril
Local: Rua Monte Alegre, 984 – Perdizes, São Paulo, SP
Os encontros acontecerão no Auditório 333, situado no terceiro andar do Edifício Reitor Bandeira de Mello (prédio novo).
A programação completa do evento está disponível no link http://migre.me/pmWMC