São Paulo – Cinco sírios refugiados na Jordânia desembarcam no Brasil nesta terça-feira (28) para treinar no Pérolas Negras, time e academia de futebol de Paty do Alferes, no Rio de Janeiro. A equipe foi criada pela ONG Viva Rio. “Somos um time formador, formamos pessoas, tentamos colocá-las no mercado por meio do futebol, seja no esporte ou não”, disse o diretor de marketing da Viva Rio, Ronaldo Lapa.
O grupo de sírios é formado por quatro jovens jogadores – Qais, Hadith, Ahmad e Omar – e pelo técnico Jawdat. Eles vão passar um ano em treinamento no Pérolas Negras. “Fomos à Jordânia e fizemos uma seleção no campo de refugiados de Zaatari, ficamos lá 12 dias”, afirmou Lapa.
O executivo define o Pérolas Negras como um “time mundial de refugiados”. Há na equipe jogadores do Haiti, da Venezuela e, agora, da Síria. O clube, no entanto, é federado e participa de competições regulares. Segundo Lapa, o time disputou duas vezes a Copa São Paulo de Futebol Júnior e já ganhou um título da Série C do Campeonato Carioca.
“Nossa ideia é passar uma imagem positiva, não negativa, não só sobre os árabes no Ocidente e no Brasil, mas dos refugiados como um todo”, destacou o executivo.
De acordo com o embaixador do Brasil em Amã, na Jordânia, Francisco Luz, o Projeto de Desenvolvimento do Futebol Asiático (AFDP, na sigla em inglês), entidade presidida pelo príncipe jordaniano Ali Bin Hussein, e a Federação Jordaniana de Futebol fizeram uma primeira seleção de 150 entre mais de mil jovens sírios refugiados no país. Depois, uma equipe do Viva Rio esteve na Jordânia e escolheu os cinco que virão ao Brasil.
O diplomata acrescentou que a AFDP mantém um campo de futebol no campo de Zaatari, em parceria com a Uefa. A embaixada deu apoio à missão da ONG brasileira, fez contato com parceiros locais, como o príncipe Ali e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), e orientou o processo de obtenção de vistos para os jovens.
A embaixada brasileira em Amã promoveu uma cerimônia de entrega dos vistos aos jovens que foi destaque na imprensa local. O jornal jordaniano em inglês Jordan Times, por exemplo, deu cobertura completa do evento na segunda-feira passada (20). Além dos sírios e do embaixador, participaram o gerente do projeto, Hashem Sabbagh, o representante do Acnur na Jordânia, Stefano Severe, e o assessor do príncipe Ali, Paul Hijazin.