São Paulo – A potencialidade do mundo árabe e o próprio papel do Brasil na América do Sul ainda não são utilizados em sua totalidade quando o tema são as relações de brasileiros e árabes. A reflexão é de Khaled Hanafy, secretário-geral da União das Câmaras Árabes, que falou em um dos painéis do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, nesta segunda-feira (04), na capital paulista.
Hanafy frisou que a conexão deve ir além de dados comerciais. “Eu sei a importância dos números, mas os números aqui falam sempre sobre um volume de intercâmbio comercial de forma clássica. Quantitativamente, as exportações brasileiras e árabes são apenas comércio tradicional. Devemos trabalhar para modificar e transformar as relações comerciais, em que cada um almeja o mercado do outro, para uma relação estratégica”, disse o secretário-geral da União das Câmaras Árabes.
Outros executivos que participaram do debate pensam de forma parecida. Para Na’el Raja Al Kabariti, presidente da Câmara de Comércio da Jordânia, é preciso pensar mais no futuro da relação da Jordânia com o Brasil, para além do comércio. “O motivo desse encontro é aumentar essa relação [Brasil e países árabes], aumentar as oportunidades e reforçar o papel dos empresários, sua participação e o papel dos governos. O mundo não é mais o mesmo e precisamos encarar esse mundo diferente. Nós precisamos ser parceiros e passar dessa relação de importação x exportação, precisamos de parcerias estratégicas”, afirmou Kabariti.
Moderando o painel esteve Mouddar Khouja, secretário-geral da Câmara de Comércio Austríaca-Árabe. “Durante a pandemia, surgiram dificuldades e precisamos nos adaptar a essas mudanças e garantir mais crescimento”, apontou Khouja, lembrando do aumento recente de energia e alimentos em decorrência da guerra na Ucrânia.
Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Omã, Redha Juma Al Saleh, as relações árabes-brasileiras são muito boas e se desenvolveram nos últimos anos apesar dos desafios. “Mas acho que ainda temos a oportunidade de aumentar essas cifras”, apontou ele.
Al Saleh também lembrou que já existem 16 empresas brasileiras trabalhando em Omã e que as oportunidades são maiores. “Temos a promissora Visão 2040, que coloca a economia renovável e limpa como um pilar importante. Estamos criando projetos de logística e segurança alimentar e convidamos investidores brasileiros a participarem das oportunidades”, afirmou ele.
Também o vice-presidente da União das Câmaras Árabes e presidente da Câmara Indústria e Comércio de Bahrein, Sameer Abdulla Nass, apontou otimismo nas possibilidades de crescimento das relações com o Brasil. “Esperamos que o rei visite o Brasil, encabeçando uma delegação de empresários. O Brasil é um país importantíssimo nas alianças novas que surgem”, apontou ele.
Para Nass, algumas das principais oportunidades estão em setores como o financeiro e de automóveis. “São áreas promissoras para fortalecer a relação, de modo geral. E a população do mundo árabe é um mercado gigantesco e muito promissor”, disse.
Acordos
Concluindo o painel, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira também assinou memorando de entendimento com a Câmara de Comércio e Indústria do Omã e um acordo de cooperação eletrônica com Câmara Árabes Conjuntas.
O Fórum Econômico Brasil & Países Árabes é realizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em parceria com a União das Câmaras Árabes e apoio da Liga dos Estados Árabes, e patrocínio da Travel Plus, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Fambras Halal, Embraer, Parque Tecnológico Itaipu, Pantanal Trading, Embratur, Khalifa Industrial Zone Abu Dhabi (Kizad), Cdial Halal, Modern Living, BRF, Egyzone/AM Development, Antika/Openet BV, First Abu Dhabi Bank, Egyptian Financial & Industrial Company (EFIC), Suez Company for Fertilizers (SCFP), Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança (Capebe), Prima Foods e Afrinvest.
Leia mais sobre o fórum aqui.