São Paulo – O empresário Rubens Hannun se despediu da presidência da Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta quinta-feira (22) depois de quatro anos na liderança da instituição. O posto foi entregue para o diplomata Osmar Chohfi em reunião e cerimônia realizadas de forma híbrida. Na foto acima, Hannun vendo livro de fotos da sua trajetória entregue por funcionários da Câmara Árabe como homenagem.
Em discurso de final de mandato, Hannun se disse com sensação de missão cumprida e apresentou aos presentes as diretrizes que nortearam a sua presidência e as ações da sua diretoria. O empresário afirmou que o trabalho de quase sete décadas da Câmara Árabe foi uma base de sustentação para o que foi feito nos últimos anos.
No período da gestão de Hannun, que começou em 2017, a relação do Brasil com os países árabes sofreu vários desafios, começando pela Operação Carne Fraca, que apontou irregularidades em frigoríficos brasileiros de carnes, seguindo pela nova política nacional e, mais recentemente, pelo surgimento da pandemia de covid-19.
Na Operação Carne Fraca, a Câmara Árabe instalou um comitê de crise e teve papel ativo na normalização da relação comercial do Brasil com os países árabes na área, levando informações e segurança dos negócios para os dois lados, já que o Brasil é um fornecedor de carnes dos árabes. “Tivemos que decidir muito rapidamente que caminho seguir, sermos pacíficos e assistirmos alguém fazer história ou sermos ativos e ajudarmos a construir a história”, disse.
Em todas as situações que se apresentaram, o trabalho da Câmara Árabe foi na direção de atender tanto os interesses dos árabes quanto dos brasileiros. “Escolhemos o caminho mais difícil, no qual seríamos mais cobrados, o caminho de mais riscos, mas Deus nos ajudou, e a união da diretoria e dos colaboradores foi impressionante”, disse, sobre a escolha pelo protagonismo e por ações na busca de soluções aos problemas.
Diante da necessidade de novas receitas, a Câmara Árabe, que tinha começado o processo associativo para empresas brasileiras, foi em busca de ganhar mais reconhecimento nos mercados. “Tivemos que acelerar e fortalecer o reconhecimento”, disse Hannun. A entidade abriu uma filial em Itajaí, em Santa Catarina, e um escritório Internacional, em Dubai, nos Emirados, e passou a associar também empresas árabes. Hannun contou que nesses quatro anos a Câmara também começou implementar a sua mudança de estrutura e de cultural organizacional.
Leia mais:
- Câmara Árabe se reestrutura para desafios maiores
- #Podcast 12 – Brasil e Países Árabes: o que esperar de 2021
Para Hannun, a realização do 1º Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, que ocorreu em 2018 com a presença de mais de cem empresários árabes, foi importante para que os árabes percebessem sua importância para o Brasil e vice-versa. Centenas de empresários brasileiros, além do presidente à época, Michel Temer, participaram. O fórum de 2020 foi virtual por causa da pandemia e solidificou mais essa relação, sendo acompanhado por 10 mil pessoas.
Fazendo um balanço do período, Hannun também contou da aproximação da Câmara Árabe com o governo federal e da parceria que encontrou no vice-presidente Hamilton Mourão e na ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. O presidente Jair Bolsonaro, inclusive, visitou três países árabes, o Catar, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, em 2019, viagem da qual a Câmara Árabe fez parte e na qual assinou acordos.
Mais desafios
A notícia da chegada da covid-19 trouxe novos desafios. O secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, apresentou na reunião algumas das medidas que foram tomadas desde que a pandemia chegou, como a criação de um comitê para atender as necessidades árabes no período, especialmente de alimentos, e garantir o abastecimento. “Juntamos mais de 50 entidades de classe brasileiras”, relatou, sobre o trabalho do comitê.
No período, a Câmara Árabe viveu diversas inovações, como o trabalho em home office sem a interrupção do serviço de certificação, a realização de mais de 40 webinars, o anúncio da plataforma digital Ellos para relacionamento entre árabes e brasileiros, a realização de pesquisa que indicou o tamanho da colônia árabe no Brasil, a criação do comitê feminino WAHI, o anúncio da Casa Árabe, a adesão ao Pacto Global das Nações Unidas, a realização de campanhas de responsabilidade social para ajudar brasileiros na pandemia e libaneses, entre muitas outras.
A pesquisa de imigração, cujos resultados foram anunciados no ano passado, é tema do livro “Presença Árabe no Brasil”, escrito por Walid Yazigi, que ocupou a presidência do Conselho Superior de Administração da Câmara Árabe. Rubens Hannun anunciou o lançamento do livro durante a cerimônia de posse de Osmar Chohfi e de encerramento do seu mandato. A pesquisa da imigração, realizada pelo instituto H2R Pesquisas Avançadas e pelo Ibope Inteligência, detectou que existem 11,6 milhões de árabes e descendentes no Brasil.
Comércio
Na reunião também foram apresentados os resultados do comércio do Brasil com os países árabes no ano passado. O tesoureiro da Câmara Árabe, Nahid Chicani, contou que os mercados árabes foram o terceiro maior destino dos produtos brasileiros e o segundo do agronegócio. A corrente de comércio do Brasil com os árabes alcançou, em 2020, US$ 16,8 bilhões, dos quais US$ 11,4 bilhões foram exportações brasileiras e US$ 5,3 bilhões vendas árabes.
Durante a cerimônia, Hannun recebeu uma homenagem dos funcionários da Câmara Árabe, um vídeo com relatos sobre os quatro anos e agradecimentos pelo trabalho, o que o emocionou. Palavras como visionário, determinado, criativo, inovador e audacioso, entre várias outras, foram usadas para descrever as características do ex-presidente. Ele também ganhou um livro com fotos da sua trajetória na Câmara Árabe.
Mais mais sobre o evento:
Autoridades prestigiam posse de diretoria da Câmara Árabe
Osmar Chohfi assume presidência da Câmara Árabe