São Paulo – Uma empresa de alimentos da Arábia Saudita deverá começar a comprar mel do Brasil. O gerente de compras de Materiais do Sunbulah Group, Irfan R. Shah, participou nos últimos dois dias de rodadas de negócios com indústrias brasileiras da área, na capital paulista, e pretende adquirir cinco contêineres do produto para teste de mercado, segundo disse ele à ANBA nesta quinta-feira (11) na feira Biofach, na Bienal do Ibirapuera.
A Biofach é uma mostra voltada para a agricultura orgânica e sustentável. Shah é um dos importadores convidados para a feira pelo projeto Brazil Let’s Bee, que promove o mel brasileiro no mercado externo e é tocado pela Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Além do saudita, do mundo árabe também participam da mostra empresários do Marrocos e Líbano.
O Sunbulah Group produz, compra e beneficia alimentos, que depois distribui em mercados como o da Arábia Saudita e demais nações do Oriente Médio, além de Norte da África, Sul da Ásia e Leste Europeu. A empresa tem escritórios também em Dubai, Omã e Catar. Entre os alimentos com os quais o Sunbulah atua estão vegetais, carne bovina, frango, peixes, itens de panificação e mel. Os produtos de panificação, por exemplo, são de produção própria.
A distribuição de mel é de 12 mil toneladas ao ano. A empresa compra principalmente do México e tem entre os fornecedores também Argentina, Austrália, Índia, Cuba e China. Segundo Shah, o mel do Brasil foi surpresa para ele. O gerente afirma que apesar da empresa comprar do México e Argentina, próximos do Brasil, não conhecia a produção brasileira. Shah fez uma crítica ao mel local, dizendo que se cristaliza muito rápido, mas vai fazer uma importação para avaliação. Os negócios, porém, ainda não foram fechados.
Shah afirma que para sua empresa é importante que os fornecedores tenham certificações da Alemanha e acredita que há potencial para importar mil toneladas ao ano do Brasil. O que ele quer é fazer uma parceria com as empresas nacionais para divulgação e publicidade do produto nos mercados onde o Sunbulah Group vai distribuí-lo. Ele afirma que na Arábia Saudita o mel é consumido diretamente pelas pessoas para fins medicinais.
Zouhair Zemzami, gerente da empresa marroquina Zemzami, também teve contato com as produtoras de mel do Brasil. Ele afirmou que gostou da qualidade do produto brasileiro e achou as empresas muito profissionais, mas quer um preço melhor do que o apresentado, já que faz compras em grande quantidade. Zemzami afirma que pretende aprofundar a relação com as companhias brasileiras antes de tomar uma decisão de compra.
A empresa do marroquino produz, embala e comercializa mel no Marrocos. Ela também está começando a atuar no Sul da África. Do mel vendido, 40% é de produção marroquina e 60% é importação de países como Argentina, Espanha, Chile, Índia e China. Mas, segundo Zemzani, pode comprar de qualquer parte do mundo. É a primeira vez que o gerente vem ao Brasil, mas não a última. Zemzami afirma que se sentiu em casa no País.
A analista de Negócios Internacionais da Apex-Brasil, Camila Meyer, fez uma avaliação positiva da participação dos árabes nas rodadas de negócios e ressaltou que esse é um mercado que está sendo aberto. "É uma oportunidade para mostrar a qualidade do mel brasileiro", afirmou Meyer. Além das rodadas de negócios na feira, que ocorreram na quarta-feira (10) e quinta-feira (11), nesta sexta-feira (12) os importadores têm na agenda visitas a indústrias de mel do estado de São Paulo.