São Paulo – A delegação de empresários sauditas que está em São Paulo, liderada pelo ministro da Agricultura da Arábia Saudita, Fahad Abdulrahman Bal Ghunaim, pretende voltar ao Brasil para conhecer as fazendas e as linhas de produção das fabricantes de alimentos. "Tenho certeza que os empresários vão voltar ao Brasil para contatar as empresas. Essa missão foi apenas o começo", afirmou o ministro à ANBA. As atividades do grupo no país começaram segunda-feira (4) e se encerram nesta quarta-feira (6).
O principal objetivo da missão saudita ao Brasil, segundo Ghunaim, foi conhecer as oportunidades de investimentos no setor agrícola. O ministro afirmou que existem diversas maneiras de investir no setor, no Brasil, como, por exemplo, pela formação de joint-ventures e parcerias, a abertura de novas empresas com capital saudita, investimentos em maquinários e equipamentos agrícolas, em infraestrutura e logística e aquisição de terras. "O importante é aumentar a produção global de alimentos", acrescentou o ministro.
De acordo com ele, já existem empresas brasileiras investindo em logística e distribuição de alimentos na Arábia Saudita, principalmente para carne de frango e açúcar. "A Arábia Saudita é um grande hub para as empresas brasileiras terem acesso a outros mercados", afirmou Ghunaim.
O gerente-geral da companhia Saudi Agricultural Development (INMA), de desenvolvimento agrícola, Hassan Mustafa Al-Shehri, disse que a vinda ao Brasil foi muito positiva, que ele não imaginava o potencial brasileiro na produção de carnes bovina e de frango. "Após essa visita, queremos estudar as oportunidades de investimentos nesse setor", disse Shehri.
A INMA é uma das empresas líderes na Arábia Saudita no setor agrícola. A companhia é responsável pela produção e comercialização de cereais (trigo e sementes), ração animal e vegetais em estufa. De acordo com o gerente-geral, a maior parte da produção de vegetais no país é feito em estufas, pois o clima e a falta de água dificultam a produção ao ar livre.
Para conversar com empresas brasileiras, os empresários sauditas se reuniram nesta terça-feira na Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Entre as empresas presentes estavam a Minerva e a JBS, de carnes, as tradings Daros Br, Café Norte e Alliance, que comercializam café, chocolates, carnes, laticínios, entre outros.
Carnes
A delegação saudita também se encontrou, na manhã desta terça-feira, com os presidentes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, e União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. De acordo com o diretor de Promoção Internacional do Agronegócio do Mapa, Eduardo Sampaio, os sauditas demonstraram interesse, por exemplo, na capacidade de aumento da produção de carnes no Brasil, no controle sanitário feito no setor e na produção brasileira de vacinas para animais. Eles ainda quiseram saber sobre a produção de ovinos e caprinos.
No encontro, a Ubabef apresentou dados do comércio com a Arábia Saudita e informou que o Brasil é líder mundial no comércio internacional de frangos e é também o maior exportador da carne avícola halal do globo, com 1,6 milhão de toneladas embarcadas e receita de US$ 2,3 bilhões em 2009. A Arábia Saudita é o principal destino dos embarques de frango brasileiro, responsável por 14% do total.
Após a visita às entidades, a Câmara Árabe ofereceu um almoço para delegação saudita. Na ocasião, o presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, disse que a entidade está aberta para ajudar os empresários a encontrarem parceiros brasileiros no setor agrícola.
A delegação parte nesta quarta-feira para o Uruguai e depois para Argentina, onde também vai verificar possibilidades de investimentos no setor agrícola. Segundo o ministro saudita, as relações dos países do Mercosul com as nações árabes são muito boas e apresentam boas oportunidades de investimentos.