Cairo – O Brasil está procurando construir uma parceria estratégica com o Egito para fortalecer o intercâmbio comercial entre os dois países, além de beneficiar-se do acordo de livre comércio do Mercosul com o país árabe. A afirmação foi feita pelo secretário especial de Assuntos Estratégicos do Brasil, Flávio Rocha (foto acima), em seminário promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira neste domingo (22), no Cairo, como parte de missão brasileira oficial ao Egito.
Segundo Rocha, o Brasil está buscando desenvolver relações econômicas que não se limitam apenas ao comércio intrarregional, mas para chegar à produção mútua, que por sua vez deve beneficiar ambos os países. Ele destacou que há oportunidades de cooperação com os egípcios em segurança alimentar, já que o Brasil produz alimentos que precisam de fertilizantes, dos quais o Egito tem produção enorme.
O secretário disse que o Brasil busca aumentar o intercâmbio comercial com os países árabes, para chegar a US$ 40 bilhões. A corrente comercial entre Brasil e árabes foi de US$ 24 bilhões em 2021. Rocha explicou que a sua visita ao Egito faz parte de um roteiro que inclui nove países árabes, incluindo Marrocos, Egito, Catar, Omã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein, Iraque e Arábia Saudita.
Patriota: isenção total de taxas
O embaixador do Brasil no Egito, Antonio Patriota, participou do evento e anunciou que a maioria das taxas do comércio bilateral entre Brasil e Egito cairão até o ano 2026, como parte do acordo de livre comércio Mercosul-Egito, que entrou em vigor em setembro de 2017. O embaixador disse que o Brasil quer fortalecer as relações com os países árabes em geral e especialmente com Egito, já que os dois países são complementares, os egípcios como importadores de alimentos e o Brasil como importador de fertilizantes. Os fertilizantes respondem por mais da metade das exportações do Egito para o Brasil.
Hanafy: Egito, parceiro do Brasil
O secretário-geral da União das Câmaras Árabes, Khaled Hanafy, falou no seminário que o Egito e o Brasil tiveram um volume de comércio de quase US$ 2,6 bilhões em 2021. Segundo Hanafy, o Egito era o terceiro maior parceiro comercial do Brasil entre os árabes em 2021, mas se tornou o principal destino das exportações brasileiras entre os árabes neste ano. O secretário-geral afirmou a disposição do Brasil em ser a porta de entrada das exportações egípcias para a América do Sul.
Chohfi: há oportunidades
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, disse no evento que, apesar do notável crescimento do intercâmbio comercial entre Egito e Brasil nos últimos anos, ainda há muitas oportunidades que podem ser exploradas, o que deve contribuir para aumentar o volume de comércio e a integração entre os países nos próximos anos.
Chohfi lembrou de discussões ocorridas recentemente na sede da Câmara Árabe do Egito pelo aumento das vendas egípcias de fertilizantes ao Brasil. Também houve conversas pelo crescimento das exportações brasileiras de carnes ao mercado egípcio. Elas ocorreram durante missão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil ao país árabe na primeira quinzena de maio.
Chohfi destacou que o movimento comercial entre os dois países concentra-se em um número pequeno de produtos, principalmente agrícolas e de baixo valor agregado. Apesar disso, ele disse que é possível notar uma diversificação gradual do comércio, em especial das exportações egípcias.
*Traduzido do árabe por Ahmed El Nagari