Alexandre Rocha, enviado especial
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Casablanca – O Marrocos está investindo 3,5 bilhões de euros na construção de um complexo portuário em Tânger, no norte do país árabe. Os investimentos vão ocorrer até 2010, sendo 1,5 bilhão de euros em recursos públicos e 2 bilhões em capital privado. A informação foi dada ontem (28) pelo gerente de desenvolvimento de negócios da TMSA (Agence Speciale Tanger Méditerranée), empresa responsável pelo projeto, Hicham El Aloui, durante seminário sobre oportunidades de negócios entre o Brasil e o país árabe, na seda da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Casablanca. A TMSA é uma companhia estatal que opera sob regime privado.
O Tanger Med será voltado para o transporte de contêineres e também para reexportação, com zonas francas de logística, industriais e de comércio. "O Marrocos exige participação na economia globalizada e com este empreendimento podemos pegar o fluxo marítimo leste-oeste e norte-sul", disse Aloui. Tanger fica próxima à saída do Mediterrâneo para o Atlântico. "O tráfego de navios de contêineres está crescendo, aumentou 18% entre 2001 e 2005 e, até 2010, ele deverá dobrar na região do Mediterrâneo", acrescentou.
O objetivo da palestra de Aloui foi atrair o interesse de empresas brasileiras para o empreendimento. Segundo ele, o porto poderá ser usado para o transbordo de navios grandes para menores, como centro de logística, com armazéns e escritórios, como local para a instalação de indústrias e como uma grande duty free shop.
O projeto prevê pelo menos dois terminais de contêineres, o primeiro com inauguração prevista para julho deste ano e o segundo para 2008, duas zonas francas industriais, uma já existente, uma zona franca de logística, que deve entrar em operação no final de 2007, uma zona franca comercial (duty free shop), que poderá ser aberta entre 2009 e 2010, além de um terminal de passageiros com trânsito previsto de sete milhões de pessoas por ano.
Com 18 metros de calado, o porto terá capacidade para movimentar anualmente 3,5 milhões de contêineres. Como Tânger fica a apenas 14 quilômetros da Europa por mar, Aloui disse que é possível levar mercadorias de caminhão para as principais capitais da Europa em até 48 horas. A travessia do Mediterrâneo é feita por ferry boat. "Teremos os custos mais competitivos, na região, para os produtos da Ásia e das Américas", disse Aloui. O complexo vai contar ainda com terminais ferroviários e acesso às principais rodovias da região.
O executivo destacou que se as empresas brasileiras desejarem aderir ao projeto, especialmente se optarem por desenvolver alguma atividade industrial, com utilização de mão-de-obra e parte dos insumos locais, além da isenção de impostos, poderão se utilizar dos acordos comerciais que o Marrocos tem com a União Européia, com os Estados Unidos e outros países.
"O objetivo final deste empreendimento é a geração de empregos", declarou. A expectativa é de que sejam gerados 145 mil postos de trabalho. A zona industrial já existente, criada em 2000, abriga hoje 254 empresas que faturaram US$ 800 milhões em 2006, segundo Aloui.
A zona de logística, que está sendo desenvolvida pela Jebel Ali Free Zone Authority (Jafza), a mesma que administra o porto de Jebel Ali, em Dubai, vai servir para empresas que queiram armazenar seus produtos para pronta entrega na região, instalação de show-rooms e para a agregação de algum valor, como a embalagem.
À ANBA, Aloui disse que empresas brasileiras de móveis, por exemplo, podem montar exposições permanentes no local, evitando ter que levar o cliente até o Brasil. Da mesma maneira, exportadores de carne podem manter armazéns frigorificados para distribuição na Europa e em outros mercados.
Segundo ele, as empresas que vão operar na área do porto são companhias de navegação, operadores de logística, distribuidores, indústrias como as de autopeças, eletrônicos, serviços, agroindústrias e fábricas de produtos têxteis, além de varejistas, na zona franca comercial. Neste último caso, o objetivo é manter um grande centro de compras para turistas. Depois da palestra, Aloui foi procurado por empresários brasileiros interessados em saber mais sobre o empreendimento.
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