Isaura Daniel, enviada especial
Brasília – O secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Abdul Rahman Bin Hamad Al-Attiyad, fez ontem, na abertura do encontro empresarial no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, um apelo aos empresários sul-americanos: “convido os empresários da América do Sul a investirem nos países do Golfo”, disse. O GCC é um bloco econômico formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã.
Al-Attiyad lembrou que atualmente 6% da produção e 24% das reservas mundiais de gás, além de 24% da produção de petróleo, estão em países do bloco. Ele afirmou que a demanda por esses produtos deve crescer na região, mas que os países do GCC estão adotando políticas para não deixar que o aumento dos preços prejudique o mercado consumidor.
O secretário-geral afirmou que os países do Golfo estão ansiosos por novos mecanismos de integração e ressaltou a importância das parcerias entre as nações em desenvolvimento.
Ele lembrou que o GCC firmou diversos acordos com países em desenvolvimento no ano passado, citou os casos da Índia, China e Paquistão. O bloco árabe vai assinar até o final da reunião dos chefes de estado das duas regiões um acordo-quadro que dará início às discussões por um tratado comercial com o Mercosul.
Al-Attiyad falou também sobre o relacionamento cultural entre a população das duas regiões, que já é extenso, mas que pode crescer ainda mais. “Estamos abertos para estabelecer grandes pontes de entendimento e superar as barreiras”, disse.
Globalização
O secretário-geral falou que os países em desenvolvimento precisam aproveitar as oportunidades que a globalização oferece. “A globalização pode favorecer o desenvolvimento dos mercados e os países em desenvolvimento precisam estar prontos para se enquadrar neste processo”, afirmou. Al-Attiyad descreveu os esforços que os países do bloco estão fazendo para desenvolver suas economias e sociedade e se adequar à realidade global.
“Adotamos diversos projetos de reformas para potencializar o papel da iniciativa privada, aprovamos algumas leis para reduzir tributos sobre investimentos estrangeiros em áreas em que beneficiam diretamente os cidadãos”, disse.
Uma das áreas é a educação. “Estamos adotando a privatização para reduzir custos e melhorar o sistema educacional”, afirmou. Também está sendo feita a capacitação de jovens para que participem desse novo processo de desenvolvimento.
Espaço para crescer
Al-Attiyad afirmou ainda que o comércio do GCC com os países da América do Sul ainda é muito pequeno e não está nem perto das aspirações da região. De acordo com ele, a corrente comercial entre os sul-americanos e os países do GCC é de US$ 5,3 bilhões ao ano. “Na maior parte dos países do GCC não atinge nem 1% (do intercâmbio comercial total)”, disse.
O secretário-geral, porém, se mostrou confiante no aumento das importações e exportações. Ele afirmou que entre os produtos que poderão ter tarifas negociadas no acordo do Golfo com o Mercosul estão as commodities e os serviços.
Ele elogiou a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de organizar a cúpula de países árabes e sul-americanos.