São Paulo – Representantes do Instituto Árabe de Executivos (IACE, da sigla em francês), da Tunísia, estão no Brasil para aprender sobre governança corporativa. A ideia é criar um instituto sobre o tema no país árabe nos moldes do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). “Somos muito próximos ao Egito, Emirados Árabes, França, mas o sistema brasileiro é o que está mais próximo ao que queremos fazer”, afirmou o conselheiro executivo do IACE, Majdi Hassen.
O primeiro contato do executivo com o IBGC foi em 2007, quando um dos voluntários e fundadores do instituto, Leonardo Viegas, fez uma palestra na Tunísia. De acordo com Hassen, a criação de um novo instituto é um processo longo, e nos últimos anos um grupo de executivos do IACE vem estudando o tema. “Estamos aqui para ver a experiência brasileira, para ver como funciona e aplicar na Tunísia”, disse. O executivo falou ainda que mais de 80% das empresas na Tunísia são familiares.
Esta semana, os tunisianos visitaram a Natura, empresa brasileira de cosméticos de capital aberto, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e vão visitar hoje (29) a incorporadora Agra, que abriu capital em 2007. Segundo informações do IBGC, as empresas foram escolhidas por serem exemplos de governança corporativa. Além das visitas, os árabes conversaram com diversos consultores do IBGC para saberem sobre gestão, sustentabilidade, governança, entre outros assuntos.
De acordo com Hassen, o objetivo é lançar o novo instituto, que deverá se chamar Arab Institute of Corporate Governance, em junho deste ano. “No futuro, a ideia é compartilhar e dividir experiências com o IBGC. Podemos também formar uma parceria”, acrescentou. Essa foi a primeira vez que os tunisianos vieram para o Brasil e segundo Hassen, as visitas foram muito positivas. “Eu gosto muito do jeito de pensar dos brasileiros. É algo único”, afirmou.
Ontem, os representantes participaram de seminário promovido pelo IBGC que falava sobre os prós e os contra da divulgação remunerada variada. A diretora executiva do instituto, Heloisa Bedicks, em seu discurso de abertura, agradeceu a presença dos árabes e elogiou o trabalho tunisiano. “Estão fazendo um benchmarket aqui e tem sido uma experiência muito rica para nós também”, disse.
De acordo com ela, o IBGC já recebeu visitas internacionais de vários países, como Angola, Panamá, Moçambique, entre outros. “O instituto tem uma reputação internacional muito grande”, disse Heloisa, que citou os diversos trabalhos já publicados pelo instituto, como Código das Melhores Práticas, Cadernos de Governança Corporativa, livros, entre outras publicações.
A vinda da delegação tunisiana teve o apoio do Centro para Empresas Privadas Internacionais (Cipe, da sigla em inglês), organização não-governamental afiliada a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, que tem como objetivo fortalecer a democracia no mundo através da iniciativa privada e da reforma de mercado.
“A realidade do Brasil é muito mais próxima à da Tunísia, Angola, Moçambique do que dos Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo. Para o Cipe, é muito mais interessante trazê-los (os tunisianos) aqui do que levá-los ao instituto de Londres, por exemplo”, disse Heloisa. Segundo ela, existe muito mais uma empatia mostrar para essas delegações, de países em desenvolvimento, o que o IBGC faz do que mostrar outros institutos mais conservadores.
IBGC
Fundado em 1995, o instituto tem sede em São Paulo e filiais em Curitiba, no Paraná, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Além de diversas publicações sobre governança corporativa, o IBGC, que tem mais de 1.200 associados, oferece cursos de treinamento para conselheiros.