São Paulo – Em época de Copa do Mundo, todos ficam mais patriotas e até o alimento que vai para mesa é verde e amarelo. É o caso da abóbora "Brasileirinha", de casca bicolor, em verde e amarelo, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em homenagem às cores predominantes da bandeira nacional.
Foram cinco anos até chegar às cores exatas escolhidas pelos pesquisadores da Embrapa. Em 2001, entre as plantações de abóbora do tipo moscata havia uma diferente, com casca verde e amarela. "Foi um presente da natureza", afirmou o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Leonardo Boiteux. Segundo ele, foi a partir daí que ele começou o cruzamento para desenvolver frutos com tons mais vivos.
"Pensamos em desenvolver uma abóbora multiuso, para uso na culinária e ornamental", disse o pesquisar. Segundo ele, o fruto é bem parecido com outras abóboras, porém, essa bicolor é mais crocante e rica em nutrientes, como luteína, que ajuda na prevenção da catarata, e de betacaroteno, principalmente quando o fruto fica há mais tempo no pé. "A resistência dela também é boa para se fazer abóbora recheada. Durante o cozimento, ela não se desmancha", afirmou.
De acordo com Boiteux, a "Brasileirinha" começou a ser comercializada por duas empresas em 2008, mas foi no ano passado que as abóboras atingiram uma grande escala. O pesquisador contou que restaurantes em Brasília estão usando a abóbora para enfeitar os pratos. "As pessoas quando vêem a Brasileirinha ficam encantadas", disse.
O sucesso não despertou apenas os brasileiros, mas também os africanos. Segundo o pesquisador, há dois anos, quando uma comitiva da África do Sul visitou a Embrapa, representantes do Ministério da Agricultura do país demonstraram interesse nas sementes da abóbora.
A "Brasileirinha" tem uma adaptação de plantio muito grande. Segundo o pesquisador, ela pode ser plantada em todas as tradicionais regiões produtoras do país e com o mesmo sistema de produção usado em outras plantações de abóboras. O tempo de plantio da "Brasileirinha" é um pouco mais longo que de outros tipos, leva de 95 a 100 dias, enquanto as outras são de 80 a 90 dias. "Outra vantagem é que a Brasileirinha tem uma grande resistência ao oídio, um tipo de fungo que ataca as plantações", disse.