São Paulo – A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou na quarta-feira (22) um plano emergencial para salvaguardar o patrimônio cultural do Iêmen, país que passa por um conflito interno que já matou cerca de 1,7 mil pessoas desde o começo deste ano. A iniciativa inclui a proteção da cidade de Sana’a, a capital do país árabe, que abriga uma série de mesquitas e monumentos históricos.
A decisão foi anunciada após uma reunião de dois dias entre especialistas, no final de semana, na sede da Unesco em Paris, na França. “É evidente que a destruição de sua cultura afeta diretamente a identidade, dignidade e futuro do povo do Iêmen, e, além disso, a sua capacidade de acreditar no futuro”, disse a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.
O plano de ação foi desenvolvido pela Unesco com parceiros institucionais e organizações iemenitas da área. Ele prevê várias frentes de trabalho para reduzir as consequências da destruição, como ações de sensibilização e assistência. O grupo de trabalho que tomou a decisão inclui especialistas em arqueologia, patrimônio cultural imaterial, artesanato, museus e arquivos, além de instituições como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios.
Segundo a Unesco, o patrimônio cultural de cidades antigas como Sana’s, Áden, Taez, Zabid, Saa’da e Marib tem sido fortemente afetado pelo conflito, com destruição de túmulos antigos, museus e centros históricos. Sana’a foi habitada há mais de 2,5 mil anos e abriga 103 mesquitas, 14 banhos turcos e mais de seis mil casas construídas antes do século 11. Entre os locais que já sofreram danos estão a Cidadela de Taez, os sítios arqueológicos da cidade pré-islâmica de Baraqish e de Marib e o Museu de Dhamar, que tem 12,5 mil peças.
A diretora-geral da Unesco fez uma chamada para o financiamento do plano, já que, segundo Bokova, o governo local não tem condições de arcar sozinho com os esforços. Ela pede apoio econômico de instituições internacionais. O governo do Iêmen, juntamente com coalizão de países árabes, vem enfrentando rebeldes xiitas que tentam tomar o controle do país.