São Paulo – A maior vencedora do carnaval paulista, a escola de samba Vai-Vai, com seus 15 títulos, se apresenta neste sábado (02) no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, e mostrará um pouco do Egito na passarela. A Vai-Vai será a quarta escola a desfilar, com o enredo “Quilombo do Futuro”, que celebra o afrofuturismo e a negritude das raízes da escola. Ela foi fundada em 1930 no bairro do Bixiga, em São Paulo, onde já existiu um quilombo. O enredo terá a única mulher intérprete do carnaval de São Paulo, Grazzi Brasil.
O primeiro setor do desfile traz a temática da dinastia Núbia, do Egito, contando a história de faraós negros originários de Kush, atual Sudão, que reinaram no Egito por cerca de 100 anos no século 8º a.C., e seu legado na agricultura, arquitetura e escrita.
A ideia do enredo é mostrar o protagonismo do povo negro ao longo da civilização humana, começando pelo Egito. A ala Hórus terá um carro de 16 metros de altura e 80 metros de comprimento, e mais seis alas, a ala da comunidade, com 100 pessoas, mestre-sala e porta-bandeira, cerca de 80 baianas vestidas de Candaces (dinastia de rainhas guerreiras), e mais 60 pessoas desfilando, todas com fantasias inspiradas no Egito.
Estarão representados nas alegorias alguns deuses egípcios como Hórus (deus solar), Anúbis (deus dos mortos), Ápis (deus da agricultura) e Ísis (deusa do amor e da magia), e animais emblemáticos como a serpente, o cachorro, o leão e a águia, além de faraós, sarcófagos e esfinges, símbolos da cultura milenar egípcia.
O desfile inteiro contará com três mil pessoas e cinco carros alegóricos nos sessenta e cinco minutos de apresentação. Segundo informações da escola, o abre-alas será totalmente composto por negros, metade de africanos e metade de brasileiros.
O galpão da escola recebeu a visita do arqueólogo egípcio Zahi Hawass, do embaixador do Egito em Brasília, Alaa Roushdy, e do cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamed Elkhatib, em dezembro do ano passado. A comitiva foi recebida pelo presidente da Vai Vai, Darly Silva, pelos diretores Renato Candido e Pedro Henrique, pelo compositor Marcelo Casa Nossa e pelo carnavalesco Roberto Monteiros.