Débora Rubin
São Paulo – O carro flex-fuel, tecnologia que permite abastecer com álcool, gasolina ou qualquer mistura dos dois, caiu mesmo no gosto dos brasileiros. Do total de carros vendidos no Brasil no último mês (fevereiro), 84% eram desse tipo. A tendência, apresentada hoje (06) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mostra que o Brasil tem em suas mãos não só a tecnologia para produzir o etanol mas também a demanda pelo combustível.
A informação não poderia ser mais conveniente na semana em que desembarca no Brasil o presidente norte-americano George W. Bush. Um dos principais temas que Bush deve discutir com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, é justamente a produção de biocombustíveis, sendo o etanol o principal deles.
Para o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb, o Brasil tem em mãos uma grande oportunidade que não deve ser desperdiçada. "Assim como o automóvel e a internet mudaram de forma definitiva o mundo e o comportamento da sociedade, também a agroenergia vai representar uma mudança radical", disse. "Agora é a hora de investir em pesquisas, em produção, porque grandes investidores e grandes economias já estão fazendo isso. Se o Brasil conseguir ser competitivo nessa área, será bom para a economia como um todo e também, é claro, para o nosso setor."
Segundo Golfarb, hoje 12% de toda a frota nacional já é flex-fuel, mas a tendência é que até 2013 esse número salte para 52%. Quando foram lançados em 2003 os modelos que permitem o uso dos dois combustíveis não chegava nem a 3% no total das vendas. E para o presidente da Anfavea, a tendência é que o etanol venha a ser utilizado futuramente também em outros tipos de carro, como os híbridos – que pode funcionar tanto a combustão como energia elétrica – que já existem nos Estados Unidos.
Balanço do bimestre
A Anfavea comemorou o mês de fevereiro. Foram 134 mil novos licenciamentos de carros nacionais – um aumento de 7,1% em relação ao mesmo mês de 2006. Além disso, foram 201 mil unidades produzidas e US$ 942 milhões em exportações (considerando também as máquinas agrícolas). Considerando janeiro e fevereiro, foram 404 mil unidades produzidas – um aumento de 1% em relação ao mesmo bimestre de 2005. As exportações do bimestre somaram US$ 1,739 bilhão, um aumento de 0,7% em relação aos dois primeiros meses do ano passado.
"Fevereiro foi um bom mês de exportações e foi um mês positivo no geral, de clara recuperação, considerando que estamos vindo de uma base muito baixa", avaliou o presidente da Anfavea. Para 2007, Golfarb espera um crescimento de 7,7% em relação a 2006. Já para as máquinas agrícolas, cujo desempenho nos últimos anos tem sido ruim, a projeção é a de que cresça 13,7%.